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A Volkswagen é uma potência na China há décadas; agora, as marcas chinesas perceberam que precisam copiar sua estratégia para conquistar a Europa

  • As marcas chinesas estão deixando claro que vieram para ficar na Europa;

  • Produzir na Europa, para a Europa, é o plano que muitos fabricantes querem seguir para conquistar este mercado

Imagens | BYD e XPeng
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Fabrício Mainenti

Redator

Já não é segredo que uma guerra está se formando entre a China e a Europa na indústria automotiva. Em tempo recorde, as marcas chinesas chegaram e se estabeleceram nesse mercado e, embora ainda não o tenham conquistado, seu avanço é imparável.

Segundo a JATO Dynamics, as marcas chinesas quase dobraram sua participação no mercado europeu no primeiro semestre do ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo, agora, 4,8%. As previsões da McKinsey estimam que, em uma década, as fabricantes chinesas poderão ter a mesma participação de mercado na Europa que as japonesas e coreanas detêm atualmente: 14% e 9%, respectivamente.

Chegar é só o começo; agora é hora de ficar

Ninguém ousa falar em conquista, mas é inegável que as marcas chinesas estão alcançando rapidamente o que as japonesas e coreanas levaram décadas para alcançar.

Basta ver o que está acontecendo no IAA Mobility, em Munique, um salão do automóvel com presença histórica de marcas chinesas, com 40% a mais de expositores dessas empresas do que em 2023.

Salão do automóvel IAA Mobility, em Munique Salão do automóvel IAA Mobility, em Munique

Enquanto isso, os fabricantes tradicionais, pelo menos grande parte deles, estão passando por um dos piores períodos de sua história, tanto na Europa, quanto em outros mercados, incluindo a China, onde as empresas ocidentais não têm mais a mesma influência de antes — em parte porque os chineses querem carros chineses.

A Volkswagen é uma das empresas que mais investiu na China, implementando a estratégia "na China, para a China", como aponta a Reuters. Ou seja, fabricando carros na China para o mercado local. No entanto, suas vendas no país caíram 24% entre 2020 e 2024.

Por muitos anos, o Grupo Volkswagen foi um dos líderes no mercado automobilístico chinês, e a estratégia de fabricar na China para vender carros naquele mercado foi fundamental para alcançar esse objetivo. Porém, não funciona mais.

Salão do automóvel IAA Mobility, em Munique

Os fabricantes chineses perceberam essa estratégia, mas estão tentando aplicá-la na Europa. Se quiserem continuar crescendo nesse mercado, não apenas para alcançar a mesma fatia que as empresas japonesas e coreanas, mas também para superar expectativas e conquistar uma parcela significativa do mercado, eles entendem que precisam fabricar na Europa e, acima de tudo, para a Europa.

Em outras palavras, precisam fabricar carros inteiramente projetados para o cliente europeu, como o Grupo Volkswagen fez por décadas na China. É simplesmente uma questão de jogar com as mesmas cartas. "Tudo o que fazemos começa com as necessidades dos usuários europeus. Isso significa estar na Europa, para a Europa, e acelerar os passos rumo à produção local", disse Wei Haigang, presidente das operações internacionais da GAC, conforme relatado pela Reuters.

A presença de marcas chinesas na IAA Mobility, em Munique, deixa claro que elas vieram para ficar. Embora seja improvável que todas o façam, devido aos "Jogos Vorazes" em curso na China, algumas empresas estão ganhando cada vez mais espaço no mercado europeu, como a BYD, cujas vendas europeias aumentaram 290% entre janeiro e julho deste ano, ultrapassando agora 84.000 emplacamentos. Esta marca iniciará a produção em sua nova fábrica na Hungria, no final do ano.

Salão do automóvel IAA Mobility, em Munique

Até agora, podemos dizer que as marcas chinesas têm se dedicado a vender carros chineses modificados para atender aos gostos europeus. Foi assim que conseguiram entrar na Europa. Porém, agora que chegaram e querem expandir, isso não é suficiente; elas vão desenvolver e fabricar carros para o mercado europeu.

Foi o que aconteceu com a Toyota na segunda metade da década de 1990: suas vendas na Europa começaram a decolar com o lançamento do Yaris, um produto desenvolvido especificamente para o mercado europeu.

Imagens | BYD e XPeng

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