O “sócio” oculto na sua garagem: a despesa silenciosa que devora até 3 salários mínimos do brasileiro todo ano

Pesquisa revela que manter o carro em dia no Brasil custa caro, mesmo para quem segue a manutenção preventiva, e transforma a oficina em uma das despesas fixas mais ignoradas do orçamento

Crédito de imagem: Xataka Brasil
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
joao-paes

João Paes

Redator
joao-paes

João Paes

Redator

Escreve sobre tecnologia, games e cultura pop há mais de 10 anos, tendo se interessado por tudo isso desde que abriu o primeiro computador (há muito mais de 10 anos). 

190 publicaciones de João Paes

Ter um carro nunca foi apenas sobre mobilidade. Além do conforto de não depender do transporte público (e a coragem de enfrentar o trânsito), é também sobre assumir um sócio silencioso, invisível, mas extremamente eficiente em sugar dinheiro mês após mês. Ele não aparece no contrato de financiamento, não cobra participação nos lucros e raramente é lembrado na hora da compra. Ainda assim, está sempre lá, esperando a próxima revisão, a próxima troca de peças ou aquele barulho estranho que insiste em surgir no pior momento possível.

Uma pesquisa recente da Webmotors ajuda a colocar números nesse incômodo conhecido de todo motorista. Segundo o levantamento, os brasileiros gastam, em média, entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil por ano apenas com manutenção veicular. Em um país onde o salário mínimo gira em torno desse valor, estamos falando de até três meses de trabalho dedicados exclusivamente a manter o carro funcionando e, idealmente, seguro.

O dado mais curioso é que esse gasto não nasce da negligência. Pelo contrário. A maioria dos motoristas segue uma rotina de manutenção considerada saudável. Cerca de 30% fazem revisão pelo menos duas vezes por ano, superando inclusive a recomendação básica de fabricantes, que costuma apontar revisões a cada 10 mil quilômetros ou seis meses. Outros 26% optam por uma inspeção anual, enquanto 17% levam o carro à oficina a cada quatro meses. Ou seja: o brasileiro, em geral, cuida bem do próprio veículo.

Crédito de imagem: Webmotors

Mesmo assim, o custo não perdoa. Além dos 30% que desembolsam entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil por ano, há um grupo significativo que vai além: 17% dos entrevistados gastam mais de R$ 5 mil anualmente com manutenção. Soma-se a isso outro contingente que investe entre R$ 1,5 mil e R$ 2,5 mil, e o retrato fica claro: ter um carro é assumir uma despesa recorrente que dificilmente cabe no orçamento sem planejamento.

Os gatilhos para levar o veículo à revisão também dizem muito sobre o comportamento do motorista brasileiro. Mais da metade só procura a oficina quando percebe um barulho ou comportamento estranho. Viagens próximas e trocas específicas — como pneus, bateria ou óleo — também aparecem como grandes motivadores. 

Crédito de imagem: Webmotors

Para Mariana Perez, CPO da Webmotors, a lógica é simples, ainda que nem sempre seguida à risca. A manutenção preventiva tende a ser mais barata do que lidar com problemas maiores no futuro. Componentes essenciais se desgastam naturalmente, e ignorar isso costuma sair caro — financeiramente e em segurança.

No fim das contas, o carro continua sendo símbolo de liberdade para muitos brasileiros. Mas, antes de girar a chave, vale lembrar: aquele veículo parado na garagem pode não falar, mas cobra. 


Créditos de imagens: Xataka Brasil, Webmotors

Inicio