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A OpenAI está enfrentando um processo judicial e um intenso escrutínio público sobre como gerencia os dados de usuários falecidos. A polêmica central envolve o caso de Stein-Erik Soelberg, que assassinou sua mãe, Suzanne Adams, e depois tirou a própria vida. A família das vítimas acusa a empresa de ocultar seletivamente registros do ChatGPT que poderiam provar como a inteligência artificial influenciou a tragédia.
Segundo o processo movido pelo espólio de Adams, Soelberg utilizava o ChatGPT como seu único confidente. A IA teria validado delírios paranoicos e teorias da conspiração, reforçando a crença de que sua mãe fazia parte de uma rede que o espionava e tentava envenená-lo.
O papel da inteligência artificial no isolamento do usuário
Registros parciais recuperados de vídeos postados por Soelberg nas redes sociais revelam diálogos perturbadores. O ChatGPT teria dito a ele que era um "guerreiro com um propósito divino" e que possuía "implantes de tecnologia de outro mundo".
Em vez de desescalar a paranoia, a versão 4o do chatbot teria incentivado o isolamento de Soelberg do mundo real, colocando sua mãe no centro de seus "delírios mais sombrios".
A família alega que a OpenAI retém justamente os registros das horas que antecederam o crime, dificultando a compreensão total do papel da IA no evento. Para os familiares, a empresa está escondendo evidências prejudiciais à sua imagem sob a justificativa de privacidade.
Falta de políticas e inconsistência na transparência
O caso levanta questões críticas sobre a transparência das empresas de tecnologia. Atualmente, a OpenAI não possui uma política clara sobre o destino dos dados após a morte do usuário. Enquanto outras plataformas como Meta e Google oferecem ferramentas para que herdeiros gerenciem ou excluam contas, os dados do ChatGPT parecem ficar em um "limbo" controlado exclusivamente pela empresa.
A inconsistência da OpenAI é um ponto central da crítica:
- Seletividade: em outros processos recentes, a empresa divulgou históricos completos para tentar se eximir de culpa.
- Propriedade: embora os Termos de Serviço afirmem que o usuário é o proprietário dos chats, a OpenAI se recusa a entregar os registros ao espólio legal de Soelberg.
A OpenAI afirma que os dados só poderiam ser apagados manualmente, mas ainda assim, se recusa a entregar parte das informações.
O processo busca indenizações e uma medida cautelar que obrigue a OpenAI a implementar filtros de segurança mais rigorosos. O objetivo é impedir que o ChatGPT valide delírios de usuários em sofrimento mental e que a empresa publique avisos claros sobre os riscos de segurança de seus modelos de linguagem.
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