Revolução na Fiat e Jeep: a tecnologia secreta da Stellantis para acabar com incêndios em baterias

Patente revela sistema ativo com espuma ignífuga que promete agir nos primeiros segundos de uma falha crítica em carros elétricos

Crédito de imagem: Xataka Brasil
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João Paes

Redator
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João Paes

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Escreve sobre tecnologia, games e cultura pop há mais de 10 anos, tendo se interessado por tudo isso desde que abriu o primeiro computador (há muito mais de 10 anos). 

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A Stellantis pode estar preparando uma das mudanças mais radicais na forma como a indústria automotiva lida com incêndios em baterias de carros elétricos. Documentos de patente recém-publicados revelam que o grupo — dono de marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Ram — desenvolveu um sistema capaz de liberar espuma ignífuga dentro do pacote de baterias assim que uma falha grave é detectada. A proposta não é apenas conter o fogo, mas impedir que ele sequer se espalhe.

A ideia parte de um diagnóstico incômodo para o setor: soluções passivas, como reforços estruturais e divisórias internas entre células, ajudam, mas não são suficientes diante de eventos extremos de fuga térmica. Em vez de apenas resistir ao incêndio, a Stellantis quer combatê-lo ativamente — e de dentro para fora.

Segundo a patente, o sistema utiliza um reservatório flexível de material polimérico, instalado no interior do pacote de baterias. Esse compartimento armazena uma substância química com propriedades ignífugas, capaz de se transformar rapidamente em espuma quando liberada. O reservatório permanece intacto durante o funcionamento normal do veículo, mas foi projetado para ser perfurado de forma controlada em uma situação de emergência.

O acionamento acontece por meio de um conjunto engenhoso de lâminas móveis controladas eletronicamente. A primeira lâmina perfura diretamente o reservatório da espuma assim que sensores detectam sinais de curto-circuito, aumento anormal de temperatura ou outras anomalias elétricas. Em paralelo, uma segunda lâmina entra em ação para abrir caminhos estratégicos dentro da estrutura da bateria, incluindo pontos do sistema de resfriamento.

Crédito de imagem: Stellantis Parte da patente que quer acabar com chances de incêndios em baterias.

O objetivo é simples na teoria, mas ambicioso na execução: permitir que a espuma se espalhe de forma rápida e uniforme pelo maior número possível de células, abafando o calor, reduzindo o oxigênio disponível e interrompendo a reação em cadeia típica de incêndios em baterias de íons de lítio. Tudo isso nos primeiros instantes do problema, quando ainda há chance real de evitar danos maiores.

Todo o processo é gerenciado por um controlador eletrônico dedicado, conectado a sensores térmicos e elétricos espalhados pelo conjunto da bateria. O sistema funcionaria de maneira totalmente automática, sem depender de intervenção do motorista ou de sistemas externos de combate a incêndio.

Embora ainda esteja no papel, a patente ajuda a entender a direção estratégica da Stellantis no universo dos veículos elétricos. Mesmo após ajustes recentes em seus planos de eletrificação, o grupo segue investindo pesado em novas tecnologias, incluindo baterias de estado sólido, soluções com química LFP (lítio ferro fosfato) e agora mecanismos avançados de segurança.

O movimento também reflete uma preocupação crescente da indústria. À medida que os carros elétricos se tornam mais comuns, a segurança das baterias deixa de ser apenas um argumento técnico e passa a ser um fator decisivo para a confiança do consumidor — especialmente em marcas de grande volume como Fiat e Jeep.

Ainda não há qualquer confirmação de quando — ou se — esse sistema chegará à produção. Mas, se sair do papel, a tecnologia pode redefinir padrões de segurança e se tornar um diferencial competitivo importante. Em um mercado onde autonomia e preço dominam o discurso, a Stellantis parece apostar em algo ainda mais básico: garantir que, se tudo der errado, o carro saiba se proteger sozinho.



Créditos de imagens: Xataka Brasil, Stellantis.

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