Longe de serem apenas uma distração, novas pesquisas científicas publicadas em 2024 e uma mais atual em 2025 revelam que os videogames podem ser ferramentas poderosas para aumentar a eficiência cerebral e até retardar o envelhecimento da mente. No entanto, o benefício não vem de qualquer jogo: o segredo está na complexidade cognitiva e no ritmo do desafio.
Diferente dos chamados "jogos de treinamento cerebral" (brain games), que tendem a ser simples e específicos, os videogames comerciais colocam o jogador em ambientes simulados que exigem a prática de múltiplas habilidades complexas simultaneamente.
O "efeito StarCraft": eficiência e rejuvenescimento
Um estudo de 2024 publicado na NeuroImage (link no primeiro parágrafo) comparou jogadores experientes de StarCraft II — um jogo de estratégia em tempo real (RTS) — com não jogadores. O RTS exige que o usuário gerencie recursos, coordene exércitos e tome decisões sob pressão constante.
Os resultados mostraram que o cérebro dos jogadores de estratégia é mais eficiente no processamento de informações, apresentando maior conectividade em áreas ligadas à atenção visual e às funções executivas.
Mais impressionante ainda, um estudo de 2025 na Nature Communications (link no primeiro parágrafo) indicou que o cérebro de jogadores experientes pode parecer até quatro anos mais jovem que sua idade cronológica, um efeito comparável ao aprendizado de música ou arte.
Jogos de ação ensinam a aprender
Enquanto os jogos de estratégia focam na organização, os jogos de ação (como Call of Duty ou Overwatch) parecem fortalecer o sistema de atenção de forma mais ampla. Como exigem decisões em frações de segundo em ambientes visualmente densos, eles ajudam o cérebro a:
- Extrair informações relevantes de forma mais rápida.
- Suprimir distrações com maior eficácia.
- Melhorar o raciocínio espacial e a memória de trabalho.
Pesquisadores apontam que esses benefícios se generalizam para tarefas fora das telas. Em experimentos, pessoas que jogaram títulos de ação por 45 horas apresentaram melhoras em testes de percepção visual que não tinham relação direta com os jogos praticados.
Importância de explorar gêneros
Muitos passatempos mentais sofrem do que os cientistas chamam de "maldição da especificidade": você se torna excelente naquela tarefa (como um mestre de xadrez memorizando posições de peças), mas essa habilidade não ajuda em outras áreas da vida.
Para manter o cérebro afiado, o segredo é o desafio constante. "Uma vez que você começa a ficar bom, o jogo deixa de ser útil cognitivamente", explicam os especialistas. O benefício real acontece durante o período de aprendizado e frustração, quando o cérebro é forçado a criar novas conexões.
Dicas para uma jogatina mais saudável
Para transformar o videogame em um aliado da saúde mental, os pesquisadores recomendam:
- Moderação: sessões de 30 a 60 minutos são as mais comuns nos estudos que mostram benefícios.
- Diversidade: troque de gênero ou aprenda um jogo novo assim que dominar o atual.
- Equilíbrio: o jogo deve ser apenas uma "camada" de uma vida saudável, que inclua exercícios físicos, sono regular e interação social.
- Enfrente a dificuldade: não fuja de jogos que pareçam "irritantes" ou difíceis no início; é nesse esforço que reside o ganho cognitivo.
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