Da ficção científica para a realidade: cientistas propõem "diminuir" a luz do sol para desacelerar efeitos do aquecimento global, mas equipe de pesquisadores afirma que isso levará ao caos

Teoria propõe lançar aerossóis na atmosfera para bloquear parte da luz do sol que chega na Terra 

Getty Images/Karl Hendon
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Bárbara Castro

Redatora
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Bárbara Castro

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Jornalista com pós-graduação em Cinema que passava as tardes vendo Cartoon Network e History Channel quando criança. Coleciona vinis, CDs e jogos do Nintendo DS e 3DS (e estantes que não cabem mais livros). A primeira memória com um computador é de ter machucado o dedo em uma ventoinha enquanto um de seus pais estava montando um PC.

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Teorias para diminuir o aquecimento global estão cercando a ciência desde a década de 1960 e depois ganhou uma pesquisa mais afundo após a erupção do Monte Pinatubo, nas Filipinas, que, na ano de 1991, diminuiu a temperatura da Terra em 0.5°C. Mais do que nunca, com os efeitos ainda maiores do aquecimento global, essa teoria de diminuir a temperatura da Terra manualmente está sendo considerada na ciência, mas muitos pesquisadores alertam que essa pode não ser uma boa solução e, em vez disso, irá causar um caos mundial

Segundo a teoria, para diminuir os efeitos do aquecimento e a chegada do Sol na Terra, cientistas propõem lançar aerossóis na troposfera da Terra, chamado de injeção de aerossol estratosférico (SAI, em inglês), algo que pode até ser tirado de um livro de ficção científica. 

"Há uma série de coisas que podem acontecer se você tentar fazer isso — e estamos argumentando que a gama de resultados possíveis é muito mais ampla do que qualquer um havia imaginado até agora," afirma V. Faye McNeill, químico atmosférico e cientista de aerossóis da Escola de Clima e Engenharia da Columbia.

Publicado na Scientific Reports, McNeill e sua equipe examinaram as barreiras físicas, políticas e econômicas que tornam o SAI muito mais complexo na realidade do que na teoria. Entre outros elementos que precisam ser considerados está a altitude e latitude de onde essas partículas seriam liberadas, sua quantidade e o período do ano. 

McNeill ainda lembra que para que isso aconteça de um modo que dê totalmente certo, é necessário um lugar controlado o que, na atual condição geopolítica, poderia não funcionar. 

Getty Images/Lucas Ninno (Getty Images/Lucas Ninno)

Por outro lado, o SAI não é só benéfico. Quando o Monte Pinatubo entrou em erupção, o ecossistema do Sul Asiático e Indiano sofreu grandes danos, reduzindo a quantidade de chuva na região e ainda contribuiu para a destruição da camada de ozônio. Mesmo que o SAI seja controlado, não é possível ver como ele pode se sair caso outra grande erupção aconteça ou até se ele vai desestabilizar uma região do mundo. No entanto, McNeill diz que é possível considerar outros elementos que podem ser usados para diminuir o calor da Terra em vez dos aerossóis de sulfato, semelhantes aos compostos produzidos por erupções vulcânicas.

Mesmo assim, há alguns elementos que são caros demais ou impossíveis de ficar pequenos demais para serem injetados na atmosfera, como diamantes ou carbonato de cálcio, alfa alumina, titânia rutilo e anatase e zircônia cúbica.

"Tudo se resume a compensações de risco quando se analisa a geoengenharia solar", afirma Gernot Wagner, economista climático da Columbia Business School e colaborador próximo da Climate School. "Não vai acontecer da maneira que 99% desses artigos modelam".


Capa da matéria: Getty Images/Karl Hendon

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