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Casais de homens gays estão mais próximos de terem filhos sem um óvulo

Experimento foi realizado em camundongos, mas ainda apresenta obstáculos para o sucesso do experimento em humanos

casal de homens trocando afetos
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Laura Vieira

Redatora
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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Uma descoberta inovadora feita por cientistas chineses pode mudar para sempre a vida de casais de homens homoafetivos que desejam ter filhos. Eles descobriram que é possível criar embriões usando dois espermatozoides, sem precisar das células reprodutivas de uma mulher. O experimento foi realizado em camundongos, na Academia Chinesa de Ciências (ACC), e representa uma conquista significativa, pois abre a possibilidade de casais homossexuais terem filhos, sem depender de uma mulher para isso.

Entenda como experimento foi realizado

Pesquisadores chineses deram um passo importante na engenharia genética ao criar um camundongo que sobreviveu até a puberdade sem a presença de uma mãe biológica. O feito foi liderado pelo biólogo molecular Zhi Kun Li, da Academia Chinesa de Ciências (ACC), e publicado na revista  Cell Stem Cell. Para isso, os cientistas realizaram experimentos em camundongos, pois esses animais compartilham semelhanças genéticas e neurológicas com os seres humanos.

O experimento envolveu técnicas avançadas da engenharia genética, como a exclusão e adição de trechos específicos do DNA, além da modificação de células-tronco. A ideia era transformar células masculinas em óvulos funcionais, um experimento que já havia sido feito anteriormente, mas que não obteve resultados positivos. Dessa vez, foi necessário criar uma célula-tronco embrionária a partir do espermatozóide, algo considerado complexo, já que esse material sozinho não consegue gerar um embrião.

Apesar do avanço, a taxa de sucesso ainda é muito baixa: cerca de 90% dos embriões produzidos não eram viáveis e metade dos camundongos que nasceram não chegaram à idade adulta. Além disso, mesmo aqueles que sobreviveram, apresentaram infertilidade e distúrbios, embora tenham apresentado uma saúde melhor do que a de camundongos gerados por métodos semelhantes no passado.

Quais foram as dificuldades encontradas durante o experimento?

Criar um embrião a partir de dois espermatozóides claramente não é algo simples, especialmente porque vai contra a ordem natural desse processo, que ocorre através da união de um óvulo e um espermatozóide. É por isso que tiveram tantos experimentos frustrados antes desse. Uma das principais dificuldades enfrentadas no experimento tem até nome: anormalidade de imprinting, um efeito de silenciamento duplo, em que ambas as cópias de um gene são canceladas por engano. Isso ocorre porque a regulação de certos genes ou regiões cromossômicas depende de contribuições de um genitor masculino e de uma genitora feminina.

Então, quando dois espermatozóides são usados para formar um embrião, esse processo se desregula, resultando em duplicações e silenciamentos incorretos dos genes. Isso leva a distúrbios no desenvolvimento do embrião e é considerado um dos maiores obstáculos para a reprodução sem a participação de uma mãe biológica. O desafio é ainda maior quando se tenta criar um embrião só com material masculino, já que os espermatozóides são células altamente especializadas e não têm capacidade de originar outros tipos de células por conta própria.

Para vencer essas limitações, os cientistas chineses desenvolveram uma combinação de técnicas, incluindo exclusão de genes, edição de regiões e adição ou remoção de pares de bases genéticas. Com isso, conseguiram corrigir as falhas e aumentar a taxa de sucesso do experimento, com cerca de 13% dos embriões se desenvolvendo até a puberdade.

Experimento ainda não pode ser realizado em humanos

Apesar dos avanços impressionantes, que abre possibilidade para o nascimento de crianças sem mãe biológica, a técnica ainda está longe de ser usada em humanos. Os resultados obtidos até agora são experimentais e envolvem riscos, como alta taxa de falhas no desenvolvimento dos embriões e dificuldades na sobrevivência. Por isso, embora o estudo represente um marco importante na engenharia genética, ainda há um longo caminho pela frente.

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