O Reino Unido implementou a verificação de idade para o PornHub; como resultado, seu tráfego caiu 77%

  • O Pornhub afirma que o tráfego proveniente do Reino Unido caiu 77%.

  • Vale ressaltar também que o Reino Unido está entre os países que apresentaram o maior crescimento no uso de VPN no último ano.

Lei do Reino Unido obrigou PornHub a verificar idade dos seus usuários: visitas caíram, mas VPNs podem ter influenciado o número | Imagem: PornHub
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Igor Gomes

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Igor Gomes

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Subeditor do Xataka Brasil. Jornalista há 15 anos, já trabalhou em jornais diários, revistas semanais e podcasts. Quando criança, desmontava os brinquedos para tentar entender como eles funcionavam e nunca conseguia montar de volta.

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Desde que o Reino Unido implementou uma verificação de idade mais rigorosa para o acesso a conteúdo sexualmente explícito em julho passado, ao abrigo da Lei de Segurança Online, o tráfego para sites pornográficos caiu drasticamente. O Pornhub, o site adulto mais visitado do mundo, regista uma queda de 77% nas visitas provenientes do Reino Unido.

Queda drástica no tráfego

De acordo com a Ofcom, órgão regulador de comunicações do Reino Unido, as visitas a sites pornográficos caíram quase um terço nos três meses desde que a lei entrou em vigor. O Google mostra que as buscas por Pornhub caíram aproximadamente pela metade desde então. 

As regulamentações exigem que qualquer pessoa que acesse esse tipo de site a partir do Reino Unido comprove ter mais de 18 anos por meio de métodos de verificação como reconhecimento facial, códigos enviados por e-mail ou dados de cartão de crédito. Vale ressaltar que o Pornhub é o décimo nono site mais visitado em toda a internet, de acordo com dados da Similarweb, o que ajuda a colocar o impacto desses números em perspectiva.

O efeito VPN complica as medições

A queda no tráfego não significa necessariamente que os britânicos pararam de consumir conteúdo pornográfico. Existe uma ferramenta que dificulta a medição precisa do tráfego proveniente do Reino Unido: as VPNs . O Reino Unido tornou-se um dos mercados de VPN de crescimento mais rápido do mundo. De acordo com dados da Cybernews, mais de 10,7 milhões de downloads de aplicativos de VPN foram registrados no país no primeiro semestre de 2025, um número que já se aproxima dos 16,65 milhões para todo o ano de 2024. 

A Ofcom estima que cerca de um milhão de pessoas usam VPNs diariamente, ferramentas especialmente úteis para ocultar a localização real do usuário e, assim, burlar a verificação de idade. Após a implementação da lei, os aplicativos de VPN lideraram os rankings de downloads na App Store do Reino Unido, com pelo menos um provedor relatando um aumento de 1.800% nos downloads. "É provável que parte do público 'desaparecido' do Pornhub não tenha realmente desaparecido, mas esteja sendo reclassificado como tráfego não proveniente do Reino Unido", explica Aras Nazarovas, pesquisador de segurança cibernética da Cybernews.

Cumprimento desigual

Alex Kekesi, diretora da Aylo, empresa controladora do Pornhub, explicou à BBC que as novas regras são "inexequíveis" e que muitas plataformas se beneficiam ao ignorá-las. Ela observou que a Ofcom enfrenta uma "tarefa insuperável" ao tentar fazer cumprir as regras em cerca de 240 mil plataformas de conteúdo adulto, visitadas por oito milhões de usuários por mês no Reino Unido, enquanto o órgão regulador tomou medidas contra menos de 70 sites por descumprimento. 

A Kekesi alega que alguns sites viram seu tráfego "crescer exponencialmente" devido à falta de verificação de idade e expressou preocupação com o conteúdo de algumas dessas plataformas, mencionando uma que parecia incentivar os usuários a buscar conteúdo com menores de idade. A Aylo afirma ter compartilhado informações sobre esses sites com a Ofcom.

A defesa do regulador

A Ofcom argumenta que prioriza as investigações de sites com base no risco e no número de usuários, e que o aumento do tráfego pode ser um dos fatores que desencadeiam uma investigação. A agência afirma que as 10 plataformas mais populares já possuem sistemas de verificação implementados, representando 25% de todas as visitas a conteúdo adulto provenientes do Reino Unido. 

A entidade reguladora também enfatiza que mais de três quartos do tráfego diário dos 100 sites mais visitados são direcionados a sites com verificação de idade. "Sites que não cumprirem a lei e colocarem menores em risco podem esperar medidas punitivas", afirmou a Ofcom . A entidade reguladora iniciou investigações sobre 62 serviços suspeitos de descumprir a lei.

O debate sobre onde verificar a idade

O Pornhub propõe que a verificação de idade seja feita no nível do dispositivo, em vez de site por site, argumentando que seria mais eficaz e protegeria melhor a privacidade. Kekesi, que viajou ao Reino Unido para se reunir com a Ofcom e autoridades governamentais, destaca que o Reino Unido é uma exceção, já que o Pornhub bloqueou o acesso em outras jurisdições que exigem verificação de idade, como a França, seu segundo maior mercado.

A diferença reside no fato de que o Reino Unido permite que sites ofereçam vários métodos de verificação, incluindo verificações de e-mail que não exigem dados biométricos. No entanto, especialistas como Chelsea Jarvie, pesquisadora de segurança cibernética da Universidade de Strathclyde, explicaram à BBC que "para que alguém esteja verdadeiramente seguro online, precisamos de diferentes camadas de controle em toda a sua experiência de navegação", observando que nenhuma abordagem isolada é uma "solução mágica".

Posição do governo britânico

As autoridades defenderam as ações do órgão regulador e reafirmaram que a proteção de crianças online é uma "prioridade máxima" para os ministros. "Quando as evidências demonstrarem que é necessária uma intervenção adicional para proteger as crianças, não hesitaremos em agir", declarou o governo. 

A Ofcom afirma que a nova lei está cumprindo seu principal objetivo de impedir que crianças "se deparem facilmente com pornografia sem procurá-la". "Nossas novas regras põem fim à era de uma internet que ignorava a idade, quando muitos sites e aplicativos não realizavam verificações significativas para saber se menores de idade estavam usando seus serviços", observa o órgão regulador.


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