Durante muito tempo, répteis foram considerados animais frios e sem emoção. No entanto, um estudo realizado por cientistas da Universidade de Lincoln, no Reino Unido, indica que as tartarugas sentem muito mais do que imaginávamos. Pesquisadores da universidade descobriram que esses répteis são capazes de vivenciar estados emocionais duradouros, uma habilidade que até então era atribuída principalmente a mamíferos e aves. A descoberta não apenas muda a forma como enxergamos esses animais, como também pode mudar completamente a forma como são tratados, especialmente em ambientes controlados como zoológicos e criadouros.
Como o estudo foi realizado?
Para investigar se répteis como as tartarugas são capazes de experimentar emoções duradouras, pesquisadores da Universidade de Lincoln, no Reino Unido, realizaram uma série de testes com 15 jabutis-piranga (Chelonoidis carbonaria). Eles fizeram um teste conhecido como “teste de viés cognitivo”, muito utilizado em estudos com humanos e mamíferos, que avalia como um indivíduo reage a diferentes situações, revelando pistas sobre o estado emocional.
O resultado, contudo, surpreendeu a todos: quando mantidos em “ambientes enriquecidos”, isto é, com diferentes estímulos atrativos para o animal, eles demonstraram comportamentos mais otimistas e positivos. Já em testes com relação à ansiedade, os répteis foram expostos a ambientes desconhecidos, apresentando reações menos ansiosas como anteriormente. Segundo os pesquisadores, isso seria uma evidência de que eles podem vivenciar estados de humor duradouros, como os humanos. O estudo foi publicado na revista científica Animal Cognition.
Resultados demonstram que tartarugas sentem emoções
Embora essa descoberta não signifique que jabutis possam sorrir ou chorar como os humanos, os resultados ajudaram a revelar que esses animais possuem um lado emocional, algo muito pouco explorado. A autora do estudo e professora de Cognição Animal na Universidade de Lincoln, Anna Wilkinson, reforça a importância dessa descoberta:
“As preocupações com o bem-estar animal dependem de evidências de que uma determinada espécie tem a capacidade de vivenciar estados afetivos. Com os répteis se tornando cada vez mais comuns como animais de estimação, é essencial estudarmos seus humores e emoções para tentar entender como o cativeiro pode impactá-los.”
Embora já existam registros de habilidades cognitivas como aprendizagem e resolução de problemas nesses animais, esta é a primeira evidência de que eles também são capazes de sentir emoções a longo prazo.
Descoberta pode impactar no tratamento da espécie em cativeiros
A descoberta de que répteis podem sentir reforça a necessidade de revisar os padrões de cuidado com esses animais, principalmente em contextos de cativeiro. Quando se reconhece que uma espécie pode vivenciar emoções, como é o caso das tartarugas, as condições oferecidas a ela precisam refletir esse entendimento, desde o espaço físico até os estímulos ambientais e a forma como são tratados diariamente.
Essa preocupação já está presente em leis, como a do Reino Unido, onde a Lei de Bem-Estar Animal (Senciência) de 2022 reconhece que os animais são seres sencientes, ou seja, capazes de sentir. Isso influencia diretamente nas diretrizes legais e práticas sobre como devem ser tratados.
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