Victor Bianchin
RedatorVictor Bianchin é jornalista.
A corrida lunar autoimposta contra a China fez com que os EUA esquecessem a verdadeira razão pela qual a Nasa escolheu a gigantesca nave Starship da SpaceX para seu retorno à Lua.
Como a própria SpaceX se encarregou de lembrar em uma extensa publicação repleta de imagens, detalhes técnicos e avanços antes desconhecidos, sua Starship HLS (Human Landing System) não é um módulo de pouso lunar como o das missões Apollo: é uma mudança de paradigma projetada para construir uma base lunar permanente.
Assim é a Starship HLS
A comparação é quase cômica. Enquanto o módulo lunar Apollo, que levou os primeiros humanos à Lua, media sete metros de altura, a Starship HLS se erguerá verticalmente até 52 metros.
Para colocar em termos de espaço para esticar as pernas: o módulo lunar Apollo tinha o volume habitável de um armário (4,5 metros cúbicos). A nave Lanyue, que os astronautas chineses usarão, tem o dobro desse volume. A Starship, segundo a própria SpaceX, terá dois terços do volume pressurizado de toda a Estação Espacial Internacional (613 metros cúbicos).
Além disso, a nave da SpaceX terá duas câmaras de ar para as saídas à superfície. Cada uma delas contará com um volume habitável de 13 metros cúbicos, o que significa que uma única câmara da Starship é mais espaçosa que o módulo de pouso chinês que tanto preocupa a Nasa.
Se a comparação de tamanho não fosse suficiente, os novos renders do interior da Starship mostram um nível de conforto que nenhuma nave espacial jamais teve fora do cinema de ficção científica.
Esqueça a imagem de astronautas apertados em uma lata de alumínio. O que vemos é um interior amplo, com vários andares, de estética limpa e futurista. Há uma escada em espiral, uma área de controle com múltiplos assentos e uma janela panorâmica que oferece vistas da superfície lunar.
Uma base na Lua
A Starship não foi projetada para levar novas bandeiras americanas à Lua. Como a SpaceX se encarregou de lembrar, ela foi projetada para cumprir a promessa inicial do programa Artemis da Nasa: criar uma “presença permanente e sustentável na Lua”, construindo uma base lunar.
As variantes de carga da Starship poderão pousar até 100 toneladas diretamente na superfície lunar. Isso inclui rovers pressurizados e não pressurizados, reatores nucleares para geração de energia — como o que a NASA pretende instalar antes da China — e habitats lunares pré-fabricados.
A SpaceX afirma ter completado 49 marcos-chave no desenvolvimento da Starship, incluindo demonstrações dos sistemas de suporte à vida, testes das patas de pouso, qualificação do adaptador de acoplamento e demonstrações do elevador e da câmara de ar.
No entanto, o grande obstáculo continua sendo o reabastecimento das naves em órbita para compensar a evaporação do combustível criogênico, algo que a SpaceX espera conseguir em 2026 com a nova Starship V3. Sem a transferência de combustível em órbita, a Starship não pode chegar à Lua com sua tripulação e suas 100 toneladas de carga.
Imagens | SpaceX
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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