Um dado interno obtido pelo Business Insider revela que a Meta agora obriga seus gestores a classificar de 15% a 20% de suas equipes como abaixo do esperado até a avaliação de desempenho do meio do ano.
No ano passado, esse percentual era de 12% a 15%
A medida se concentra especialmente nas equipes com mais de 150 pessoas, mas faz parte de uma lógica maior: usar o desempenho como critério para cortes em massa, sem precisar anunciar um novo plano oficial de demissões.
Depois de anos contratando em larga escala, Mark Zuckerberg segue com sua estratégia de limpeza silenciosa, incentivando os gestores a colocarem mais funcionários na faixa mais baixa de desempenho, chamada de abaixo do esperado.
Mesmo com a Meta dizendo que, desta vez, não haverá uma nova onda de desligamentos em massa, o próprio memorando deixa claro: a avaliação de meio de ano é uma oportunidade para tomar decisões de saída. Em outras palavras, os gestores foram convidados a fazer o trabalho sujo.
Os alvos principais são os funcionários que receberam feedbacks negativos, passaram por processos disciplinares nos últimos seis meses ou estão sob acompanhamento por baixo desempenho. As conversas entre gestores e colaboradores começam em meados de junho, com definições mais claras previstas entre julho e agosto.
Essa política de avaliação mais dura não é novidade
A Meta já havia testado esse modelo no fim de 2022, dobrando o número de pessoas classificadas como de baixo desempenho. Esse endurecimento segue a tendência interna da empresa de aumentar o nível de exigência, como o próprio Zuckerberg afirmou, para tirar mais rápido os chamados elementos fracos.
Demissões em massa que viraram rotina
No começo do ano, cerca de 4 mil funcionários — o equivalente a 5% do total — já haviam sido demitidos por causa de desempenho. Na época, a empresa tratou como um caso pontual, mas tudo indica que virou prática anual incorporada à cultura de gestão da Meta.
Essa estratégia de enxugar a equipe com um discurso de meritocracia faz parte de um movimento maior no setor de tecnologia. A Microsoft cortou 6 mil postos, principalmente cargos intermediários, enquanto o Google reduziu em 10% seu corpo executivo de alto escalão. Em todas as gigantes tech, o foco agora é a performance, com um objetivo bem claro: abrir espaço para talentos vistos como mais produtivos ou mais alinhados com a corrida pela inteligência artificial.
Na Meta, essa pressão em cima das avaliações só intensifica uma cultura interna marcada por hierarquia rígida, metas agressivas e uma alta rotatividade. Ser classificado como abaixo do esperado é praticamente carregar um estigma que, cedo ou tarde, leva à saída. Oficialmente voluntária, mas oficiosamente forçada.
Zuckerberg não esconde esse novo rumo e justifica tudo com um discurso de eficiência e agilidade. Mas por trás desse verniz corporativo, o que se vê é algo bem mais duro: uma empresa que prefere rotular seus funcionários como decepcionantes do que investir no desenvolvimento deles. E que, em nome da performance, não hesita em sacrificar o fator humano.
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