Microsoft anuncia demissão de 10 mil funcionários

Demissão em massa Microsoft 3%. Foto: Matthew Manuel Bhlsbx 0rnm Unsplash
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Em janeiro de 2023, a Microsoft fez um movimento que pegou o mercado de surpresa: cortou 10 mil funcionários em um esforço para se adaptar a uma nova fase da tecnologia, marcada pela inteligência artificial e pela automação. Foi um golpe pesado para uma empresa que, até então, surfava em uma onda de lucros bilionários e crescimento agressivo.

Agora, quase dois anos depois, a história se repete. Nesta terça-feira (13), a gigante de Redmond anunciou a demissão de mais de 6 mil funcionários – cerca de 3% de sua força de trabalho global, que girava em torno de 228 mil pessoas em meados de 2023. O corte atinge todas as regiões e níveis hierárquicos, incluindo unidades como o LinkedIn e a divisão de jogos Xbox, além de escritórios no Brasil. No estado de Washington, sede da Microsoft, 1.985 pessoas serão dispensadas, incluindo 1.510 em escritórios da companhia.

Entre lucros e cortes

O curioso é que essas demissões ocorrem mesmo após a Microsoft registrar resultados financeiros robustos. No último trimestre, a empresa reportou um lucro líquido de US$ 25,8 bilhões e deu sinais positivos para o futuro. As ações da Microsoft também seguem em alta, recentemente alcançando seu maior valor do ano, a US$ 449,26.

Mas o discurso oficial aponta para outro lado. Segundo a CFO Amy Hood, o objetivo é “enxugar as estruturas de liderança” e tornar as operações mais ágeis. Isso inclui remover camadas de gestão e fortalecer equipes de alto desempenho – uma estratégia que se tornou quase padrão entre as big techs, que buscam reduzir custos enquanto investem pesadamente em tecnologias emergentes.

O impacto da inteligência artificial

A transformação interna da Microsoft é profunda. A empresa investiu US$ 80 bilhões no último ano fiscal em infraestrutura para suportar suas tecnologias de inteligência artificial. O CEO Satya Nadella afirmou recentemente que 30% dos códigos da companhia já são gerados por IA, um indicativo claro de que a automação está reescrevendo não apenas os produtos, mas também a própria estrutura de trabalho da empresa.

Além disso, a companhia também promoveu cortes mais específicos nos últimos meses. Em janeiro, centenas de trabalhadores foram desligados em ações baseadas em desempenho. Em maio, estúdios de jogos como Tango Gameworks e Arkane Austin foram fechados, afetando quase 2 mil pessoas. Em setembro, outros 650 funcionários da divisão Xbox foram dispensados após a aquisição da Activision Blizzard.

No primeiro semestre deste ano, cortes atingiram também as equipes do Azure e do HoloLens, eliminando cerca de mil cargos.

O que vem a seguir?

Para uma empresa que já investe pesadamente em IA e que está redefinindo suas prioridades internas, as demissões de hoje podem ser apenas um passo em uma jornada maior para transformar a forma como o trabalho é feito na tecnologia.

Mesmo assim, para os milhares de funcionários afetados, é um lembrete doloroso de que a inovação muitas vezes tem um custo humano alto.

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