Testei um celular da Huawei seis anos depois do bloqueio do Google; instalar o Google Maps ou o Gmail levou apenas um instante

Apesar disso, aproveitá-los da mesma forma que no Android simplesmente não é possível — o mesmo que acontece no iPhone

Huawei Pura 80 Ultra / Imagem: Xataka Espanha
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Relato original de Eva R. de Luis, do Xataka Espanha

A última vez que procurei saber de um Huawei foi no P30 Pro da minha cunhada, há apenas alguns anos, quando ela teve de se despedir dele com o coração apertado em favor de um Pixel. Passou meses me lembrando das boas fotos e de como seu antigo celular funcionava bem, até que conseguiu o principal modelo do Google na época. Que bom celular era o Huawei P30 Pro — e que tempos aqueles, quando a marca chinesa competia pelo título de melhor celular do ano. Depois, ela saiu da corrida.

O veto do Google chegou em 2019 e mudou tudo. Não é que a Huawei não pudesse viver sem o Android (na verdade, o tempo mostrou que o HarmonyOS é um sistema operacional capaz de competir com qualquer um), mas a ausência dos apps do Google pesa — e muito. Sem Google Maps, Gmail ou Chrome, é muito difícil que um celular, por mais que faça boas fotos, seja atraente para o usuário médio. E sim, havia truques, mas não eram acessíveis para qualquer pessoa. A Huawei lambeu as feridas diversificando seu portfólio de produtos em outras áreas, mas sem esquecer sua expertise no território dos smartphones, tanto em dispositivos quanto com o HarmonyOS.

Seis anos e meio depois do bloqueio do Google, testei o novo modelo principal da Huawei com o olhar de alguém que nunca teve um e não pretende se complicar nem um pouco ao usá-lo. Esta foi a minha experiência.

Só precisei de 5 minutos para ter (quase) todos os apps do Google

Os primeiros passos se resumem em trocar o Google pela Huawei. Abrir a caixa e ligar o magnífico Huawei Pura 80 Ultra. Ele pede a conta da Huawei para a configuração inicial e, depois de várias telas de leitura e confirmação e etapas como conectar ao Wi-Fi, o celular já está pronto para uso em dois minutos cronometrados. Claro, nem sinal dos apps do Google ou da Google Play Store.

O que eu vi, no entanto, foi a Aurora Store, uma loja alternativa de aplicativos que pode ser baixada pela AppGallery, a loja oficial da Huawei. Tenho que dizer que eu nem precisei baixá-la — ela já estava lá. Mas há uma chave que abre tudo: o microG, uma alternativa livre aos Serviços Móveis do Google. Meu processo foi tão simples quanto abrir a Aurora Store. A primeira coisa que encontrei foi um pop-up perguntando se eu queria instalar os serviços desse app de código aberto (que, aliás, depois descobri que também pode ser baixado pela AppGallery).

Huawei

Você confirma com sua conta do Google e já pode começar a baixar praticamente qualquer coisa do Google. Como é possível ver nas capturas de tela, instalei os melhores apps do Google de uma vez só em cinco minutos. E não estou falando apenas de Gmail ou Google Maps, mas também do Google Wallet. 

Huawei

Na verdade, as únicas coisas que não consegui — seja porque não encontrei ou porque travavam — foram a loja Google Play Store e o Android Auto, que tecnicamente podem ser baixados, mas, na prática, apresentavam erros.

Huawei

A partir daí, tudo funcionando... com a maioria deles. Ver o e-mail, buscar um destino ou editar um documento com os apps do Google são tarefas que fiz sem problema algum. Claro, as notificações também funcionam. Nesse sentido, a experiência geral para o usuário médio é satisfatória. Na verdade, o HarmonyOS é fluido, ágil e oferece bastantes opções.

A título pessoal, devo confessar que, no meu celular, não uso nem o Gmail nem o Chrome, e que só há três apps que considero indispensáveis: o Google Maps (embora o Petal Maps funcione muito bem — as avaliações são ótimas) e os dois de IA, o Gemini e o NotebookLM.

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Pode ser que a empresa sediada em Mountain View tenha entrado na corrida da inteligência artificial depois da OpenAI, mas, para mim, o Google tem os melhores produtos de IA. Além disso, possui uma integração única com o software móvel — neste caso, com um Android maduro e hegemônico. Isso faz toda a diferença: a OpenAI não tem seu próprio sistema operacional móvel, e a Apple tem uma IA que ainda está verde (queridos CEOs da Apple e da OpenAI, unam os pontos).

O que mais sinto falta é da integração entre o Gemini e o Android. Não me entendam mal — a experiência de uso da IA do Google em um Huawei é igual à que tenho no meu iPhone: posso perguntar o que quiser, enviar fotos, ter uma conversa... mas não posso invocá-lo pressionando a lateral para que resuma um vídeo do YouTube ou abrir o Gmail para que escreva um e-mail, por exemplo. Também não tenho uma das melhores ferramentas de IA: o rodear para buscar, que mudou a forma como uso o celular. No meu iPhone, para surpresa de ninguém, também não.

O assistente com IA da Huawei é uma boa alternativa para tarefas como traduções, resumos e buscas, e conta com uma espécie de Google Lens, mas não há opção de configurar o botão lateral para acessar o Gemini. Ou seja, o mesmo que acontece no meu iPhone ao tentar invocar a Apple Intelligence.

De qualquer forma, com um celular da Huawei, é possível ter todos os apps do Google em poucos minutos, sem precisar conectar o computador ou baixar arquivos estranhos para usá-los “à moda antiga”. Se levarmos em conta ainda o que o HarmonyOS oferece, o resultado é um telefone agradável em todos os sentidos, com destaque para o desempenho e a câmera. É verdade que ele não tem 5G — e isso pode fazer diferença para certos perfis que consomem muito conteúdo fora do Wi-Fi —, mas, no meu caso, isso não faz falta: vivo em uma área rural e não sou gamer.

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


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