Laura Vieira
RedatoraJornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.
Algumas histórias são tão difíceis de acreditar que parecem até lenda urbana. A de Karl Bushby é exatamente assim. Em 1998, quase três décadas atrás, ele decidiu que atravessaria o mundo andando, um trajeto de 58.000 mil quilômetros, usando apenas o próprio corpo. Agora, depois de 27 anos em movimento, essa jornada está prestes a chegar ao fim.
Quem é Karl Bushby e de onde surgiu a ideia de atravessar o mundo andando?
Você provavelmente deve estar se perguntando como uma ideia ousada e arriscada como essa surge, e a resposta é que, às vezes, acaba surgindo espontaneamente. Karl Bushby tinha pouco mais de 20 anos quando decidiu que queria fazer algo extraordinário. Então, durante uma conversa com amigos, lançou o seguinte desafio: sair do extremo sul do Chile e voltar para casa, em Hull, no Reino Unido, caminhando, sem caronas ou atalhos. O que parecia uma aposta impossível de cumprir, acabou virando a Expedição Golias, um projeto pessoal de Karl marcado por regras rígidas e uma determinação fora do comum, que resistiu a várias adversidades, seja de gerações, governos, crises globais e até uma pandemia.
Desde então, ele cruzou continentes inteiros, enfrentou desertos, montanhas, gelo extremo e mares abertos. Caminhou pelas Américas, avançou pela Ásia, nadou centenas de quilômetros quando não havia caminho possível e chegou a encarar o Estreito de Bering entre blocos de gelo. Tudo isso sem jamais quebrar o princípio central da missão: só avançar com o próprio esforço físico.
Hoje, aos 56 anos, Karl está na Europa, aguardando autorização para concluir os últimos quilômetros da rota que dura 27 anos. Se tudo correr como o planejado, o andarilho deve chegar novamente à sua cidade natal em setembro de 2026.
Os desafios que transformaram a aposta em uma odisseia de 27 anos
Em 1998, quando saiu do sul do Chile, Karl imaginava que a aventura duraria aproximadamente 12 anos. Ele levou na mochila mapas de papel, uma calculadora e a certeza de que o plano daria certo. A realidade, contudo, se mostrou bem diferente. Problemas com vistos, dificuldades financeiras, conflitos políticos e a Covid-19 interromperam o trajeto inúmeras vezes. Houve momentos em que ele ficou parado por meses esperando permissão para seguir em frente.
Mesmo assim, desistir nunca foi uma opção. Se um país barrava a entrada, ele buscava outra rota. Se encontrava um rio, atravessava a nado. Se o caminho desaparecia, ele simplesmente continuava. Ao longo do percurso, enfrentou situações em que temeu pela própria vida, mas afirma que sempre esteve mentalmente preparado para o risco.
Curiosamente, depois de tanto chão andado, o equivalente a 50.000 km, seus pés, seguem bons. Em relação à saúde mental, ele precisou ser ainda mais forte, porque a jornada exigiu uma resiliência emocional rara.
Karl está quase chegando ao seu destino, depois de quase 30 anos
Agora, a poucos milhares de quilômetros do destino final, Karl precisa lidar com o sentimento do fim de um propósito que guiou sua vida por quase 30 anos. Para ele, a ideia de parar ainda é difícil de processar. Isso porque o reencontro com a família, especialmente com a mãe que o espera desde o fim dos anos 1990, será também um processo de redescoberta. Apesar de ter estimado um trajeto de 58.000 mil quilômetros, pode ser que ele tenha caminhado uma distância maior com os contratempos do caminho. Pelo caminho, encontrou ajuda, abrigo e generosidade de admiradores.
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