Galaxy Buds3 FE supera AirPods no conforto, mas falha onde não devia

A Samsung posiciona o Galaxy Buds3 FE como a porta de entrada para quem quer um fone TWS com cancelamento de ruído, design moderno e um pezinho nas funções “de gente grande”, mas sem pagar preço de top de linha. Na prática, ele entrega parte desse pacote… e tropeça justamente onde não poderia: no custo-benefício. 

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Logo de cara, o design chama atenção — e, sim, ele copia os AirPods com orgulho (como a linha Buds já faz desde outros modelos). As hastes deixam tudo mais estável, ajudam na captação de voz e, no dia a dia, achei essa solução mais ergonômica do que qualquer AirPod que não seja o Pro. É simples, é discreto e funciona. E, para minha surpresa, o conforto foi maior do que eu esperava: dá para usar por longos períodos sem sentir aquela pressão incômoda no ouvido. Ponto positivo.

Por dentro, ele traz Bluetooth 5.4, suporte ao codec AAC e certificação IP54. Isso significa que suor, poeira e respingos não serão um problema — o que já coloca o Buds3 FE como uma boa opção para treinos ou corridas. A bateria também agrada: entre 6 e 8 horas por carga, dependendo do uso do ANC, com o case oferecendo recargas suficientes para triplicar esse tempo e rápidos 10 minutos na caixinha garantem cerca de duas horas extras. Em viagens, isso faz diferença.

Mas vamos falar do que realmente importa: som. A experiência é… correta. Os graves são bons, presentes, com um peso legal — mas o resto fica devendo. Médios são comuns e os agudos não têm brilho. Não é ruim, mas também está longe de impressionar. Para ouvir playlists, podcasts e vídeos, resolve. Para quem gosta de som mais detalhado, vai parecer limitado.

Especificações do Buds3 FE.

O cancelamento de ruído segue essa mesma linha. Ele existe, ajuda, reduz um pouco o barulho externo — mas está distante dos melhores do mercado. Em trens ou aviões, funciona mais como um amortecedor do que como um “silêncio artificial”. O modo transparência, por outro lado, é útil para não precisar tirar os fones o tempo todo.

E aí aparecem os inconvenientes. Primeiro, os controles de toque: simplesmente estranhos. Em vários momentos, eu só queria ajustar o fone e acabava pausando a música ou mudando o volume. Quando eu realmente queria acionar algo… nada acontecia. Depois de um tempo, abandonei os gestos.

Outro problema é a ausência de multipoint. Nada de alternar facilmente entre celular e computador — a experiência fica chata, especialmente para quem trabalha com vários dispositivos. A Samsung até oferece um “quase multipoint”, mas só dentro do ecossistema dela. E, falando em ecossistema, o app oficial não existe no iPhone. Funciona bem no Android (inclusive com tradução e áudio 360 em aparelhos da Samsung), mas quem usa iOS perde muito do que o fone poderia oferecer.

As duas opções de cores do Buds3 FE.

O case também deixa a desejar ao ignorar carregamento sem fio — algo que já virou padrão nessa faixa. E quando o assunto é ligação, o Buds3 FE sofre. Em ambientes barulhentos, o microfone não segura bem e a voz perde clareza. Dá para usar, mas não é o fone que eu escolheria para reuniões ou chamadas importantes.

Tudo isso nos leva ao ponto chave: preço. O Buds3 FE gira perto dos R$ 860. O problema é que o Galaxy Buds “normal” custa por volta de mil reais, e o Pro aparece por cerca de R$ 1.200. Não é uma diferença grande — e, por valores tão próximos, faz mais sentido subir um degrau. Se o FE custasse algo na casa de R$ 700, seria recomendação fácil.

No fim, o Galaxy Buds3 FE é confortável, funciona muito bem até no iPhone, tem bateria competente e alguns recursos interessantes. Só que entrega um som regular, um ANC mediano e faz concessões demais para o preço que cobra. É bom — mas não bom o suficiente para justificar o espaço que ele ocupa entre os modelos superiores da própria Samsung.

Créditos de imagens: Samsung, Xataka Brasil