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Vendas de carros novos recuam na Europa, atrapalhando mercado de usados

A relação entre usados (VO) e novos (VN) atingiu valores raramente vistos até agora

Vendas de carros ficam estagnadas na França / imagem: Tesla
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Estamos caminhando para um tipo de impasse? O mercado automobilístico francês parece estar travado: os veículos novos não vendem bem, e os usados começam a desacelerar. O motivo: os carros novos não são vendidos em quantidade suficiente. Se as vendas de carros usados foram relativamente fortes nos primeiros meses do ano, junho e julho foram ruins, gerando preocupações sobre um ano negativo para o mercado de usados, que normalmente ultrapassa os cinco milhões de unidades na França.

O ciclo vicioso parece difícil de romper enquanto não houver uma retomada nas vendas de carros novos. Ainda mais porque os motoristas que já possuem veículos relativamente recentes tendem a adotar uma postura de espera em uma década na qual a escolha do tipo de combustível (híbrido, elétrico, a combustão) se tornou complexa.

Menos de um carro novo para cada quatro usados

O indicador mais claro para o mercado automobilístico é a famosa relação VO/VN. Nos anos em que o mercado automotivo era forte na França, essa relação podia cair para um índice de pouco mais de 2. Recentemente, esse mesmo índice disparou.

Nos primeiros sete meses do ano, o mercado de usados (VO) se manteve praticamente estável, com um crescimento de apenas 0,1%. Em julho, as vendas foram ruins, com 489 mil transferências e uma relação VO/VN de 4,21 — o maior índice registrado nos últimos meses.

Cada vez menos usados recentes

Menos de um carro novo vendido para cada quatro usados é realmente preocupante. Um dos líderes europeus na venda de carros usados, o site Autoscout24 destaca os números: “As vendas de veículos muito jovens (com até 1 ano) despencaram: -20,2% em relação a julho de 2024. O segmento de veículos mais antigos (>16 anos) é o que apresenta melhor desempenho (+10,9% de participação de mercado) e continua dominado por motores a diesel (56,1% das vendas)”.

Os franceses continuam preferindo carros usados mais antigos, muitas vezes porque não têm outra opção.

Um mercado automobilístico que estagna é também um mercado que não se renova. Os dados do OTC para o próximo ano, referentes à inspeção técnica veicular de 2024, devem novamente mostrar o envelhecimento da frota de veículos na França. Nesse contexto, é um alívio que as Zonas de Baixas Emissões (ZFE) estejam vacilando, pois, caso contrário, cada vez mais franceses seriam excluídos das grandes metrópoles.

O risco dos emplacamentos “táticos”

Em momentos de crise no mercado, os fabricantes tendem a recorrer mais aos emplacamentos “táticos”. São são registros de veículos feitos estrategicamente pelas montadoras, geralmente para cumprir metas ou obrigações, mas que não refletem vendas reais para consumidores finais. Por exemplo, veículos de demonstração, carros usados para testes ou modelos que ficam na garagem da própria montadora podem ser “emplacados” para parecer que foram vendidos, mesmo sem terem sido entregues a clientes reais.

O problema é que essas vendas geralmente são prejudiciais, pois são muito menos lucrativas do que as vendas para consumidores finais ou empresas.

Nesse jogo, nem todas as montadoras estão no mesmo nível. Enquanto fabricantes como Dacia, Suzuki e Tesla apresentam altas taxas de vendas para consumidores finais, isso não acontece com a Peugeot, que emplacou muito mais veículos “de fabricante” e de demonstração. Essa impressão é reforçada pelas análises do Autoscout24: “Sobre a queda de 8,5% da Stellantis, é importante notar que os números da Opel e da Fiat foram significativamente inflados por vendas táticas em julho de 2024.”

Este texto foi traduzido/adaptado do site L’Automobile Magazine.

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