O mês de outubro marca um momento marcante da evolução tecnológica, já que há cem anos atrás o inventor John Logie Baird conseguiu transmitir a imagem de um rosto humano no que viria a ser conhecido como televisão. Mas quem foi o sortudo que agora é considerado como a "primeira estrela da TV"? Apenas um jovem de 20 anos que foi escolhido por pura coincidência.
John Logie Baird foi um inventor escocês que altos e baixos em sua carreira e em 1923, após conseguir um pouco de dinheiro com sua empresa de sabonete e meia, ele se mudou para a cidade de Hastings, na Inglaterra, para começar pesquisas com televisão.
Juntando um monte de "tralha" como materiais descartados e uma caixa de chá velha equipada com um motor, Baird criou um dispositivo no centro do sistema: um grande disco girando em alta velocidade para escanear imagens linha por linha usando fotodetectores e luz intensa. Esses sinais eram, então, transmitidos e reconstruídos para criar imagens em movimento.
Infelizmente, Baird tomou um choque no laboratório, mas ainda decidiu continuar a pesquisa da televisão, mudando-se para Londres. Lá, ele usou um boneco e depois um porquinho-da-índia para ver as imagens, até que chegou o dia oficial de transmitir um humano.
É aqui que William Taynton entra. O office boy de 20 anos estava trabalhando embaixo do laboratório de Baird quando foi parado pelo inventor.
"O Sr. Baird veio correndo, cheio de entusiasmo, e quase me arrastou para fora do meu escritório para ir ao seu pequeno laboratório. Acho que ele estava tão animado na hora que não conseguia falar. Ele quase me agarrou e queria que eu subisse o mais rápido possível," disse à BBC.

Taynton contou ao jornal que pensou em voltar atrás quando viu o estado do laboratório de Baird:
"Ele tinha discos de papelão com lentes de bicicleta e outras coisas dentro, lâmpadas de todos os tipos, baterias velhas e alguns motores muito antigos que ele usava para fazer o disco girar."
O inventor sentou Taynton no lugar e o garoto recorda que logo sentiu um calor imenso, o que o deixou com medo, no entanto, Baird afirmou que nada de mal aconteceria.
"Ele desapareceu para ir até o receptor para ver se conseguia ver uma imagem", lembrou Taynton. "Consegui focar, mas não consegui parar ali por mais de um minuto por causa do calor terrível daquelas lâmpadas, então me afastei."
Foi aí que veio uma troca: Baird colocou meia coroa na mão de Taynton e o convenceu a voltar para a posição.
Convencido, Taynton teve que fazer algumas caretas, mas começou a ficar em pânico por estar sendo "cozinhado vivo".
"Ele gritou de volta: 'Aguente mais alguns segundos, William, alguns segundos se puder'. Então eu esperei, e realmente parei o máximo que pude até que não consegui mais parar, e perdi o foco naquele calor terrível; era muito desconfortável. E com isso, o Sr. Baird veio correndo do outro lado da linha com os braços erguidos e disse: 'Eu te vi, William, eu te vi. Finalmente tenho televisão, a primeira imagem de verdade na televisão.'"

Na época, conta Taynton, ele não fazia ideia o que o inventor quis dizer com "televisão'. Então, os dois trocaram de lugar e o garoto foi ver a imagem:
"De repente, o rosto de Baird apareceu na tela. Dava para ver seus olhos se fechando, sua boca e seus movimentos. Não era nada bom, veja bem. Não havia definição ali; você só via a sombra e as linhas se esvaindo. Mas era uma imagem, e também se movia."
Claro, a imagem também não era nada grandiosa igual ao que temos hoje em nossas casas. Segundo Taynton, Baird apareceu em um "túnel" de 5cm x 8cm.
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