Para desespero de Elon Musk, as vendas da Tesla já caíram quase 50% na Europa e continuam em queda no mundo todo

Concorrência acirrada, modelos envelhecidos e desgaste público do CEO colocam a montadora em sua crise mais séria desde a ascensão meteórica dos EVs

Crédito de imagem: Kevin Carter/Getty Images
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João Paes

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João Paes

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Escreve sobre tecnologia, games e cultura pop há mais de 10 anos, tendo se interessado por tudo isso desde que abriu o primeiro computador (há muito mais de 10 anos). 

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A Tesla passou boa parte da última década surfando um hype que parecia inesgotável com carros desejados, filas de espera, fábricas crescendo em ritmo de startup e Elon Musk atuando como o showman definitivo. Mas 2024 e 2025 estão mostrando que gravidade existe, sim, até no mercado de veículos elétricos. E o tombo não é nada pequeno.

O número mais alarmante vem da Europa: queda de 48,5% nas vendas em outubro, segundo a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis. No acumulado do ano, a Tesla amarga um recuo de cerca de 30% no continente — enquanto o setor de elétricos como um todo cresce 26%. Ou seja: não é o mercado que piorou, é a Tesla que perdeu tração.

E a concorrência não está apenas chegando. Ela passou. A chinesa BYD vendeu mais que o dobro da Tesla em outubro na Europa. A Volkswagen, antes ridicularizada por Musk, agora exibe um crescimento de 78% nas vendas de EVs no ano — e já triplicou o desempenho da rival americana. Para piorar, o continente está inundado de modelos novos, muitos abaixo de US$ 30 mil. Nos próximos meses, serão lançados mais 50 carros elétricos no Reino Unido. Nenhum deles é da Tesla.

A situação não melhora muito no resto do mundo. Na China, onde a empresa já foi símbolo de status tecnológico, as vendas caíram 35,8% em outubro e acumulam queda de 8,4% no ano. A chegada de concorrentes como a Chery renovada e o surpreendente Xiaomi YU7, que virou rival direto do Model Y, corroeu a aura premium da Tesla.

Nos Estados Unidos, o cenário é instável. Um pico artificial em setembro — causado pelo fim de um crédito fiscal de US$ 7.500 — virou um tombo de 24% no mês seguinte. Projeções apontam que as entregas globais da Tesla devem cair 7% este ano, mesmo após um 2024 já negativo.

Analistas se perguntam se o problema é estratégia, produto ou simplesmente distração. Enquanto o mercado cobra novos modelos, Musk foca em robôs humanoides, táxis autônomos e sua gigantesca disputa política e judicial. A Tesla, hoje, vende basicamente dois carros massivos: Model 3 e Model Y — uma linha que envelhece diante de concorrentes que renovam catálogos anualmente.

Um novo modelo de entrada, barato e competitivo, seria o movimento lógico. Mas não há sinal claro de que ele exista. E, curiosamente, o pacote de remuneração de Musk não exige que as vendas explodam para ser desbloqueado: basta uma média de 1,2 milhão de veículos ao ano — menos do que a Tesla vendeu em 2024.

Enquanto Elon Musk aguarda seu bônus e mira o futuro distante da IA e da robótica, o presente da Tesla parece perder energia numa estrada não muito agradável. E, desta vez, não há atualização via software que resolva.



Crédito de imagem: Kevin Carter/Getty Images


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