O Google conseguiu integrar ao Android o AirDrop da Apple; sem a permissão da Apple

O Google fez com que o Quick Share funcione com o AirDrop na linha Pixel 10, implementando a compatibilidade de forma unilateral, sem colaboração da Apple

Quick Share no iPhone / Imagem: Google
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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O Google anunciou que o Quick Share, seu sistema de transferência de arquivos no Android, agora também funciona com o AirDrop da Apple. Usuários de um celular Pixel 10 podem enviar e receber arquivos diretamente de um iPhone, iPad ou Mac sem intermediários ou servidores.

A compatibilidade é bidirecional e funciona quando o dispositivo da Apple ativa o modo “Todos durante 10 minutos” no AirDrop. O Pixel detecta o iPhone como um destino disponível, o usuário aceita a transferência e a conexão é estabelecida diretamente. A função começa exclusivamente nos Pixel 10, embora o Google tenha prometido expandi-la para mais dispositivos Android.

O curioso é que a Apple não participou do desenvolvimento. O Google confirmou que implementou essa função por conta própria, sem a colaboração da Apple. “Conseguimos com a nossa própria implementação”, afirmou a empresa.

Isso contrasta com outros avanços recentes de interoperabilidade entre as duas plataformas — como mensagens RCS ou alertas de rastreadores desconhecidos — nos quais houve coordenação.

Nas entrelinhas

O Google parece ter aplicado engenharia reversa sobre a tecnologia AWDL (Apple Wireless Direct Link), que sustenta o AirDrop. Embora seja proprietária, ela se baseia em padrões abertos como Bluetooth e Wi-Fi Direct, o que torna tecnicamente possível implementar suporte não autorizado.

A empresa desenvolveu a função usando Rust, uma linguagem de programação considerada mais segura contra vulnerabilidades. Também contratou a NetSPI, uma empresa independente de segurança, para validar a implementação. A avaliação deles: o sistema é “notavelmente mais robusto” do que outras soluções do setor.

A ameaça

A Apple pode acabar bloqueando essa funcionalidade — e isso é um cenário bastante provável, considerando o histórico. Em 2023, ela bloqueou o acesso do Beeper, um aplicativo que permitia usar o iMessage no Android por meio de engenharia reversa.

Mas o contexto mudou. O Google é muito maior que o Beeper. Além disso, a Apple agora enfrenta uma pressão regulatória maior do que antes em relação a práticas anticompetitivas, tanto na Europa quanto nos EUA.

Outro ponto é que a implementação atual só funciona no modo “Todos durante 10 minutos” do AirDrop, menos conveniente que o modo “Apenas contatos”. O Google já manifestou disposição para colaborar com a Apple para habilitar esse modo.

Esse movimento atinge um dos elementos do jardim fechado da Apple que mais frustra usuários multiplataforma.

  • Se o Google conseguir manter essa compatibilidade funcionando, enfraquece mais uma barreira de troca.
  • Se a Apple bloquear, reforça a narrativa de práticas de monopólio justamente quando os reguladores estão observando mais de perto.

Nas próximas semanas, provavelmente voltaremos a ouvir falar desse caso.

Imagem | Google

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


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