O domínio quase absoluto da Starlink sobre a internet via satélite no Brasil está prestes a enfrentar seu primeiro rival de peso. A Telebras anunciou um acordo estratégico com a europeia SES, uma das maiores operadoras de satélites do mundo e concorrente direta da empresa de Elon Musk. O objetivo? Levar conexões de altíssima velocidade — chegando a 1 Gbps — para áreas remotas do país que ainda vivem na era pré-banda larga.
A novidade promete mexer num mercado que, até então, parecia ter encontrado um único caminho para o futuro. Mas a SES aposta justamente no oposto do modelo Starlink. Em vez de satélites em órbita baixa (LEO), posicionados a algumas centenas de quilômetros da Terra, a empresa europeia opera com satélites em órbita média (MEO). Eles ficam bem mais distantes — entre 2.000 km e 36.000 km de altitude — e mudam completamente o perfil do serviço.
Segundo a SES, essa faixa intermediária cria uma espécie de “ponto ideal”: menos satélites, cobertura global robusta e velocidades que podem superar o que a própria Starlink entrega hoje. A promessa é ousada: até 1 Gbps, com maior estabilidade e menor complexidade na infraestrutura. Cada satélite MEO transfere sinal apenas uma vez por hora — um contraste enorme com os equipamentos em órbita baixa, que trocam de link a cada dez minutos.
Nem tudo é melhor, claro. A latência não deve bater a de redes LEO, o que pode incomodar jogadores competitivos ou aplicações ultra sensíveis. Mas, para governos, escolas, comunidades isoladas e projetos de inclusão digital, a velocidade e a consistência do sinal podem pesar muito mais.
A parceria entre Telebras e SES já existe no programa GESAC, que usa o satélite SES-17 para conectar escolas e postos de saúde. Agora, o novo MoU expande esse alcance para órgãos governamentais e regiões críticas — e já tem data para começar a ser testado. Durante a COP30, em Belém, a solução MEO vai fornecer conectividade segura para operações do governo federal e forças de segurança, em um cenário que exige máxima confiabilidade.
Se der certo, não será só uma demonstração técnica: será praticamente uma declaração de guerra. A entrada da SES coloca o Brasil no centro de uma disputa global por conectividade de próxima geração. E, com isso, abre caminho para um futuro em que o país deixa de depender de uma única constelação — e passa a disputar, de fato, quem entrega a internet mais rápida do espaço.
Crédito de imagem: Xataka Brasil via Perplexity.
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