Laura Vieira
RedatoraJornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.
Hackers podem fazer grandes estragos ao invadir sistemas, redes e dispositivos. Um caso emblemático é o ataque ao Departamento de Defesa dos EUA e a NASA, nos anos 2000, realizado por um menino de apenas 15 anos. Apesar de ter ocorrido anos atrás, esse tipo de ataque continua acontecendo, como o que ocorreu na Noruega em abril deste ano. Hackers invadiram sistemas que gerenciam uma barragem do país e deixaram vazar o equivalente a 500 litros de água. No entanto, o que mais chama atenção não é o ataque em si, mas quem estava por trás dele: os russos. A seguir, entenda melhor o que motivou o ataque.
Entenda como o ataque hacker foi realizado
No dia 7 de abril deste ano, hackers invadiram remotamente o sistema que gerencia a barragem Rizevatnet, localizada em Bremanger, na Noruega, e provocaram o vazamento de quase 500 litros de água. O sistema gerencia operações de piscicultura, atividade econômica que envolve a criação de peixes em espaços controlados. A Noruega é considerada líder mundial nessa área, especialmente na produção de salmão e bacalhau.
Mas como foi possível liberar o vazamento de 500 litros de água? Acontece que o sistema da barragem permite a abertura de válvulas que controlam a vazão de água para a estrutura de piscicultura. Os hackers acionaram o sistema, abriram essa válvula e a mantiveram aberta durante 4 horas. Felizmente, mesmo sendo uma quantidade considerável de água, o ataque não trouxe consequências negativas para a região, como inundações, comprometimento das estruturas e o ferimento de pessoas. Isso porque o rio local suporta a vazão de 20.000 litros, um volume 40 vezes maior do que o vazamento provocado pelos hackers.
Autoridades acreditam que russos estejam ligados a invasão
Um ataque hacker sempre é algo que chama atenção das autoridades, afinal, esse tipo de crime pode trazer consequências gravíssimas para indivíduos e organizações. No ataque ocorrido à barragem da Noruega, um detalhe chamou ainda mais atenção das autoridades: a invasão foi conduzida por hackers russos ou ligados à Rússia. Foram achados evidências técnicas do ataque em um vídeo de três minutos postado no Telegram, com uma marca d'água associada a um grupo cibercriminoso pró-Rússia. A unidade de combate ao crime organizado da Noruega, Kripos, disse ao jornal nacional Aftenposten que o grupo envolvido no ataque é composto por vários membros afiliados que realizaram diversas operações cibernéticas contra empresas ocidentais nos últimos anos. Mas qual seria a motivação por trás desse tipo de crime?
De acordo com o chefe do Serviço de Segurança Policial da Noruega, Beate Gangås, ataques cibercriminosos Pró-Rússia têm crescido de forma significativa, especialmente após o início da guerra contra a Ucrânia. A relação entre os dois países após esse contexto ficou fragilizada, com o governo de Vladimir Putin designando a Noruega como hostil, e a Noruega, em contrapartida, planejando a construção de cercas na fronteira com a Rússia. De toda a forma, as autoridades acreditam que a ação teve por objetivo intimidar e causar medo entre a população local. Por outro lado, a embaixada russa localizada em Oslo, na capital da Noruega, declarou que a acusações não tem fundamento.
Ataques de hackers é um perigo para a segurança de indivíduos e organizações
Ataques como o ocorrido na Noruega poderiam ter feito um estrago bem grande na cidade. Se os hackers tivessem liberado um volume de água maior do que o rio comporta, a consequência seria catastrófica. O vazamento da água poderia inundar Bremanger e colocar em risco a vida das mais de 3000 mil pessoas que vivem na cidade.
Um caso parecido com esse, mas não envolvendo hackers, aconteceu aqui no Brasil, na cidade de Brumadinho, Minas Gerais. A barragem da mineradora Vale se rompeu, liberando toneladas de rejeitos de mineração, o que causou a morte de 272 pessoas e a destruição da região.
Apesar de não ter provocado consequências graves, o acontecimento demonstra a fragilidade na segurança de sistemas e acende um alerta a Noruega e a outros países. O chefe de Segurança da polícia da Noruega, Beate Gangås, orientou a população a permanecer em alerta, enfatizando que tais ameaças cibernéticas provavelmente se tornarão mais frequentes na Noruega e em toda a Europa.
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