A China tem um plano para vencer a corrida tecnológica — um plano que começou há mais de 40 anos, quando decidiu investir na formação de milhões de engenheiros. Isso ficou evidente nas contratações do time de superinteligência da Meta, onde a grande maioria é chinesa. As universidades chinesas agora têm um novo plano para acelerar ainda mais a obtenção de doutorados — um plano no qual a teoria é deixada de lado para dar lugar ao foco na prática.
Segundo o South China Morning Post, a China está implementando uma nova política que afeta estudantes de áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) que estejam buscando um doutorado. O título de PhD — ou "Doutor em Filosofia" — é o grau acadêmico mais alto que existe e, até agora, exigia o desenvolvimento de uma tese. Com essa mudança, liderada pela Universidade Tecnológica de Harbin, os engenheiros podem obter o PhD por meio do desenvolvimento de produtos e sistemas reais.
O primeiro estudante a conseguir o PhD com base em resultados práticos foi Wei Lianfeng, no último mês de setembro. Ele se formou em 2008 e entrou no Instituto Nuclear da China, onde trabalhou por mais de uma década até decidir voltar à universidade para fazer o doutorado — título que obteve graças aos resultados no desenvolvimento de um sistema de soldagem a laser a vácuo. Para avaliar seu trabalho, a banca que acompanhou a defesa oral contou com especialistas da indústria.
Por que isso é importante
A formação de talento técnico é uma prioridade para a China há décadas e, mais recentemente, o país intensificou esse esforço. Em 2022, o governo lançou um programa para fortalecer a educação em STEM, especialmente em áreas estratégicas como semicondutores e computação quântica. Entre os pontos centrais do plano estava a cooperação estreita entre empresas e universidades para a formação conjunta.
Essa medida é a culminação dessa estratégia — e o reconhecimento de que conhecimento teórico, por si só, não é suficiente para competir na corrida tecnológica, especialmente diante dos bloqueios dos EUA a tecnologias-chave. Isso permite que a China resolva o gargalo na formação de engenheiros do mais alto nível: não se trata apenas de formar mais engenheiros, mas de formá-los o mais rápido possível, com soluções aplicáveis ao mundo real — em vez de teses com centenas de páginas.
O impulso à formação de engenheiros e cientistas faz parte de um plano de longo prazo do governo, iniciado ainda no período pós-Mao — e o plano está avançando rapidamente. Se olharmos apenas para os doutorados, segundo dados de 2023, a China concedeu 51.000 PhDs em áreas STEM, enquanto os EUA concederam 34.000. A projeção naquela época era de que, até 2025, o número chegaria a 77.000.
Em números totais, em 2020, a China já era o país que mais formava graduados em STEM no mundo — com uma diferença enorme: 3,57 milhões, frente aos 2,55 milhões da Índia e 822 mil dos EUA. Atualmente, a China já tem 5,8 milhões de graduados, e estima-se que mais de 40% de todos os estudantes escolhem uma carreira em STEM.
Imagem | Joshua Hoehne (Unsplash)
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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