Há 3 anos o maior avião cargueiro do mundo era destruído na Ucrânia durante bombardeio russo; reconstrução do Antonov An-225 Mriya pode custar 3 bilhões de dólares

Aeronave batizada como sonho ucraniano representa um orgulho nacional

Antonov An-225, o maior avião cargueiro do mundo. Créditos: Arsgera/GettyImages
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Laura Vieira

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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Os Estados Unidos se orgulham de produzir “as maiores coisas do mundo”, seja porções de comidas, veículos imensos e até residências, e essa prática está enraizada na cultura do país. Mas, quando o assunto é aviação, o título de grandeza máxima não veio de lá. Quem ocupou esse posto foi a Ucrânia, que projetou e construiu o Antonov An-225, o maior avião cargueiro do mundo que impressiona por dimensões absurdas. No entanto, o que por décadas representou a ambição e força da engenharia do país, terminou destruído durante a invasão russa ao território ucraniano, em 2022. Agora, o futuro do maior avião do mundo está dividido entre duas possibilidades dubiamente difíceis de aceitar: reconstruí-lo ou mantê-lo apenas na memória.

Antonov An-225: conheça o maior avião cargueiro do mundo

Batizado de Mriya, “sonho” em ucraniano, o Antonov An-225 foi criado na década de 1980 para transportar um ônibus espacial soviético até o local de lançamento. Para isso, engenheiros pegaram um avião enorme que já existia, o An-124, e o ampliaram em praticamente todos os sentidos, até que ele se tornou o Antonov An-225. A fuselagem foi alargada, as asas foram redesenhadas para comportar seis motores e a cauda recebeu um conjunto duplo de estabilizadores para garantir controle aerodinâmico enquanto carregava grandes cargas. O resultado da ampliação, no entanto, impressiona pelas dimensões gigantescas. Confira:

  • 84 metros de comprimento
  • 88,4 metros de envergadura
  • 32 rodas no trem de pouso
  • Capacidade de transportar até 250 toneladas internamente ou 200 toneladas sobre a fuselagem
  • Peso máximo de decolagem de até 640 toneladas, o equivalente a uma média de 130 elefantes

Apesar da proporção gigantesca, um dos números mais marcantes vinha dos motores. Cada motor Progress D-18T entregava mais de 50 mil libras-força de empuxo, permitindo uma força absurda em comparação a qualquer outra aeronave. O preço dessa potência era um consumo tão expressivo quanto ele: o  Antonov An-225 podia queimar 15 a 16 toneladas de combustível por hora, algo tão alto que daria para um carro econômico dar várias voltas ao redor da Terra com o mesmo volume de querosene.

Maior avião cargueiro do mundo é destruído em meio a guerra da Ucrânia

Antonov An-225, o maior avião cargueiro do mundo destruído. O Antonov An-225 foi destruído em 2022 durante bombardeio russo. Créditos: NurPhoto /GettyImages

O fim do “sonho ucraniano” foi tão repentino quanto devastador. Em fevereiro de 2022, logo após transportar equipamentos de testes de COVID-19 da China para Dinamarca, a aeronave retornou ao Aeroporto Antonov, em Hostomel, na Ucrânia, para manutenção. O aeroporto chegou a receber alerta da OTAN para retirar o avião do local caso a invasão russa avançasse, mas tudo foi tão rápido que não houve tempo de retirá-la dali.

Em 24 de fevereiro, o aeroporto foi um dos primeiros alvos dos ataques russos, e o bombardeio impediu qualquer tentativa de decolagem. Em 27 de fevereiro, imagens circularam pelo mundo mostrando o avião sendo tomado por fogo e destroços. Com isso, ficou confirmado que o único An-225 do mundo havia sido destruído. A perda teve impacto imediato na Ucrânia, que via na aeronave um símbolo de orgulho nacional e excelência tecnológica

Reconstrução da nave é um sonho possível ou não? 

Pouco depois da destruição, as autoridades ucranianas informaram que tinham a intenção de reconstruir o An-225. Tecnicamente, isso não é impossível, já que uma segunda fuselagem do modelo está guardada desde 1980. O problema é que a reconstrução da aeronave é muito mais complexa e custosa do que parece.

A estimativa é de que o custo para essa reconstrução supere os 3 bilhões de dólares, um valor considerado alto demais para uma aeronave que possui uma demanda extremamente limitada no mercado atual, principalmente com o país em guerra. Por essa razão, apesar de possível, a reconstrução da nave não deve acontecer

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