Você já ouviu falar na Síndrome de Pandas? Essa é uma doença causada por uma inflamação na garganta muito comum em crianças. O grande problema é que, em algumas crianças, essa condição pode causar sintomas bem estranhos e inesperados, como tiques, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), irritabilidade e vários outros. Mas como é possível que uma garganta inflamada, algo tão comum em crianças no mundo todo, possa causar alterações tão intensas em alguns pequenos? A seguir, descubra do que se trata essa doença e como ela pode ser tratada.
O que é a Síndrome de Pandas?
A Síndrome de Pandas é o nome simplificado para uma doença que tem um título bem mais complicado: transtornos neuropsiquiátricos autoimunes pediátricos associados a infecções estreptocócicas. Mas o que o panda tem a ver com isso? Panda é a abreviação da sigla da doença em inglês (Pediatric Autoimmune Neuropsychiatric Disorders Associated).
Essa condição acontece quando uma infecção causada por uma bactéria muito comum na garganta, o estreptococo, desencadeia uma reação exagerada no sistema imunológico da criança. Em vez de atacar apenas a bactéria causadora da doença, o organismo começa a atacar estruturas saudáveis do corpo da criança, especialmente em regiões do cérebro que controlam movimento, emoções e comportamento.
Saiba quais são os principais sintomas da Síndrome de Pandas
Além de ser uma doença que provoca comportamentos estranhos nos afetados, o que chama a atenção na Síndrome de Pandas é a velocidade com que os sintomas aparecem. Já houveram relatos de pais que afirmaram que o filho mudou “da noite para o dia”. A seguir, confira quais são os principais sintomas do quadro:
- Tiques motores ou vocais, como piscar os olhos sem parar ou emitir sons involuntários;
- Sintomas de TOC, como pensamentos repetitivos, necessidade de realizar rituais e medo excessivo de contaminação;
- Mudanças de humor e agressividade;
- Ansiedade de separação;
- Dificuldade para dormir;
- Regressão em habilidades aprendidas, como escrever ou realizar tarefas simples;
- Recusa alimentar ou seletividade extrema.
Essas alterações no corpo da criança podem ser tão intensas a ponto de afetar a rotina escolar, a vida social e até o relacionamento com a família e amigos.
Entenda por que só algumas crianças são afetadas
Apesar de muitas crianças terem infecções de garganta durante a infância, apenas uma pequena parte desenvolve a Síndrome de Pandas. Isso acontece porque, em alguns casos, o sistema imunológico reage de uma “maneira errada” ao tentar combater a infecção de estreptococos.
Ao invés de combater apenas a bactéria causadora, o corpo cria anticorpos que também atacam os tecidos cerebrais da criança. De acordo com estudos sobre o assunto, essa reação equivocada do organismo pode estar relacionada a fatores genéticos, ou seja, algumas crianças já nascem mais suscetíveis a esse tipo de resposta. É por isso que dois irmãos podem ter a mesma infecção, mas apenas um deles manifestar sintomas neuropsiquiátricos tão fortes.
Qual a diferença entre Pandas e Pans?
A Síndrome de Pandas é uma doença que faz parte de um grupo maior chamado Pans (Síndrome Neuropsiquiátrica Pediátrica de Início Agudo). A diferença é que, no caso do Pandas, a causa está diretamente ligada à infecção de garganta provocada pelo estreptococo. Já no Pans, outras causas também podem estar envolvidos, como gripe, Covid-19, doença de Lyme ou até fatores não infecciosos. Nos dois casos, o que marca a condição é o surgimento repentino e intenso de sintomas neuropsiquiátricos.
Por que o diagnóstico é tão difícil?
A grande questão do diagnóstico da Síndrome de Pandas é que não existe um exame único que confirme a condição. Como as alterações no cérebro são muito sutis, exames de imagem normalmente não mostram nada fora do comum. Na prática, o diagnóstico depende da observação, como surgimento repentino de TOC ou tiques em crianças antes da puberdade, associados a uma infecção recente. Por isso, muitos pacientes passam por uma longo período sem saber de fato o que está provocando os sintomas e, em alguns casos, chegam a ser tratados apenas como se tivessem um transtorno psiquiátrico comum.
Quais são as opções de tratamento?
O tratamento da Síndrome de Pandas costuma envolver diferentes técnicas. Quando é diagnosticado cedo, antibióticos, anti-inflamatórios e medicações de uso comum, como analgésicos, podem controlar bem os sintomas.
Já em casos mais graves, pode ser necessário realizar terapias imunológicas, como a infusão de imunoglobulina ou a troca de plasma, que ajudam a “limpar” os anticorpos nocivos do sangue. Além disso, apoio psicológico e acompanhamento psiquiátrico são necessários para lidar com as mudanças de comportamento que as crianças apresentam.
Apesar das dificuldades e da falta de consenso entre profissionais de saúde, muitos pacientes conseguem ter uma boa qualidade de vida quando recebem o tratamento adequado.
Contudo, sem diagnóstico e tratamento adequados, a criança pode apresentar dificuldades cognitivas a longo prazo, como problemas de concentração, memória e aprendizagem, transtornos psiquiátricos crônicos e regressão de habilidades sociais e escolares.
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