Tendências do dia

A ciência contra o Alzheimer: tratamento inicial disponibilizado no Brasil limpa as placas do cérebro e pode retardar a doença em 35%

Tratamento é indicado para pacientes em estágio inicial da doença e pode chegar a custar R$30 mil

Idosa sendo atendida por médica em consultório. Créditos: banco de imagens
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
laura-vieira

Laura Vieira

Redatora
laura-vieira

Laura Vieira

Redatora

Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

137 publicaciones de Laura Vieira

Um novo medicamento voltado para pacientes em estágio inicial do Alzheimer acaba de chegar ao Brasil. O Kisunla, desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, já foi aprovado pela Anvisa e poderá ser encontrado em algumas clínicas e hospitais particulares. Embora não esteja disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e nem seja de cobertura obrigatória pelos planos, o remédio traz esperança ao oferecer uma alternativa que pode retardar a progressão da doença. No entanto, o medicamento não é um dos mais baratos e requer muita atenção durante o tratamento. A seguir, confira mais sobre essa novidade na medicina.

Como funciona o novo tratamento para Alzheimer?

Mas afinal, como esse medicamento age no organismo? O Kisunla é uma medicamento que possui um anticorpo monoclonal que age diretamente sobre as placas de beta-amiloide, proteínas que se acumulam no cérebro e estão associadas ao avanço do Alzheimer. Diferente dos medicamentos tradicionais, que apenas aliviam sintomas como perda de memória e confusão mental, ele atua na causa biológica da doença, reduzindo essas placas e retardando o avanço.

Nos estudos clínicos realizados com pacientes em estágio inicial da doença, foi constatado que o tratamento conseguiu reduzir em até 35% a progressão clínica do Alzheimer, o equivalente a alguns meses (4,4) a mais de preservação da memória e da autonomia. A aplicação é feita de forma intravenosa, uma vez por mês, e a duração do tratamento varia, podendo chegar a 18 meses.

Quais são os efeitos colaterais do remédio? Será que vale a pena?

exame neurológico. Créditos: banco de imagens Os pacientes que realizam o tratamento com kinsula precisam realizar exames de ressonância magnética periódicos para monitorar complicações.

Apesar do medicamento ser um verdadeiro avanço no tratamento da doença, o uso do Kisunla exige muita cautela. Isso porque o medicamento pode provocar efeitos incomodos no paciente, como calafrios, tremores e alterações de pressão, geralmente leves e transitórios. No entanto, em casos mais graves, ele pode provocar uma condição mais grave, chamada Amyloid Related Imaging Abnormalities (ARIA), que são alterações detectadas em exames de imagem, como ressonância magnética, que incluem inchaços e micro sangramentos cerebrais.

Em alguns casos, esses efeitos podem ser graves e até fatais. Por isso, médicos recomendam acompanhamento constante com os pacientes que realizam o tratamento, com exames de ressonância magnética periódicos para monitorar possíveis complicações. Além disso, pacientes com determinados fatores genéticos apresentam maior risco de desenvolver efeitos adversos, e por isso precisam passar por avaliação antes de iniciar o tratamento.

Como conseguir acesso ao tratamento?

Mas a pergunta que não quer calar é: como iniciar o tratamento com esse medicamento? O Kisunla será oferecido apenas em hospitais particulares e clínicas privadas. Entre os primeiros locais a disponibilizarem o tratamento estão unidades da rede Dasa, em São Paulo e no Rio de Janeiro, e a rede Mater Dei, em Minas Gerais.

O custo do tratamento, no entanto, não é acessível para todos. Cada frasco do medicamento pode custar até R$5,4 mil, mas considerando a necessidade de múltiplas doses e os serviços de acompanhamento médico, o valor final por mês pode ultrapassar o valor de R$30 mil.

Infelizmente, no momento, não há previsão de incorporação ao SUS nem de cobertura obrigatória pelos planos de saúde. Isso significa que apenas um grupo restrito de pacientes, com melhores condições financeiras, poderá arcar com o tratamento particular e o acesso ao remédio

Inicio