Há algo que uma moto a gasolina jamais poderá fazer, mas uma elétrica sim: chegar ao vulcão mais alto do mundo

Uma Stark Varg elétrica alcançou mais de 6.700 metros de altitude no Ojos del Salado

Moto elétrica sobe vulcão / Imagem: Stark
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Existe um limite invisível ao qual a gasolina nunca chega. Ele não está marcado em um conta-giros nem em uma ficha técnica, mas no ar — ou, melhor dizendo, na falta dele.

Quando a altitude aperta, os motores a combustão começam a perder fôlego. Não importa o quão refinada seja a injeção ou o quão bem ajustada esteja a mecânica: sem oxigênio, não há milagre. E é justamente aí que uma moto elétrica entra em outro jogo. A Stark demonstrou isso ao levar uma Varg EX até um terreno onde as motos tradicionais já não competem, apenas sobrevivem.

O Ojos del Salado, no Chile, é o vulcão ativo mais alto do planeta e um daqueles lugares onde tudo se complica: o frio, o vento, o solo vulcânico e uma atmosfera tão pobre em oxigênio que transforma qualquer erro em um problema sério. Ali, o piloto suíço Jiri Zak alcançou 6.721 metros de altitude sobre uma moto elétrica de enduro. E não, não se tratava de um protótipo experimental nem de uma mula camuflada: segundo a Stark, a moto era uma unidade de produção em série.

A chave não está na velocidade nem na potência máxima, mas em algo muito mais básico. Enquanto um motor a combustão perde desempenho a cada metro que ganha em altitude, o elétrico entrega seu torque de forma constante. Não é preciso ajustar carburadores, nem mapas, nem torcer para que ele ligue após uma parada. Em um ambiente onde parar pode significar não voltar a funcionar, essa diferença muda tudo.

O projeto vinha rondando a cabeça da equipe há algum tempo. Zak explicou de forma simples, sem épica desnecessária: “Queríamos ir onde a combustão deixa de ser eficaz. Subir alto, fazer isso em elétrico e verificar até onde é possível chegar”. O Ojos del Salado não perdoa e, justamente por isso, tornou-se o laboratório perfeito.

Dias antes da tentativa definitiva, os equipamentos de GPS foram calibrados e certificados para que o registro fosse incontestável. O ataque final aconteceu no fim de novembro, com condições meteorológicas variáveis e temperaturas que colocaram à prova tanto o piloto quanto a eletrônica e as baterias. A gestão de energia, a tração em um terreno instável e a navegação em uma paisagem que muda em questão de minutos foram tão importantes quanto girar o acelerador.

Moto5

Na Stark, isso está claro. Para Anton Wass, CEO da empresa, a mensagem vai além do recorde: “Não se trata apenas de um número. Trata-se de demonstrar que uma moto elétrica não é uma concessão, mas uma ferramenta que funciona onde outras deixam de funcionar”. Nesse contexto, a altitude se transforma em um argumento técnico, e não em uma simples manchete.

A descida confirmou o que já se intuía lá em cima: na montanha, quem manda é a natureza. O vento havia apagado trilhas conhecidas e a neve tinha mudado o terreno em relação a tentativas anteriores. Zak voltou ao acampamento-base com a sensação de ter aberto uma porta, mais do que de ter encerrado um desafio.

Agora resta aguardar a validação oficial dos dados para que o recorde seja certificado. Mas, com ou sem diploma, o recado já foi dado. Há lugares onde a gasolina fica sem ar. E há motos que não precisam dele.

Imagem: Stark

Este texto foi traduzido/adaptado do site Motorpasión.


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