Os Estados Unidos podem vencer a corrida da IA, mas o problema é outro: a China está vencendo todas as outras

  • Os Estados Unidos apostaram tudo em um único candidato, enquanto a China está diversificando;

  • Mesmo que vençam essa batalha, perderão a grande guerra econômica

Os Estados Unidos podem vencer a corrida da IA, mas o problema é outro: a China está vencendo todas as outras
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Fabrício Mainenti

Redator

A corrida da IA ​​tem dois protagonistas, mas suas apostas são bem diferentes. Enquanto os Estados Unidos já investiram US$ 350 bilhões (cerca de R$ 1,9 trilhão) em IA (e planejam investir muito mais), a China investiu apenas US$ 100 bilhões (cerca de R$ 550,8 bilhões). Os otimistas do Vale do Silício partem da premissa de que a IA transformará o mundo radicalmente e que quem dominar a IA dominará o futuro. Mas e se não for esse o caso? Como aponta o Financial Times, os Estados Unidos podem vencer essa batalha, mas perder a guerra econômica.

EUA

Apostaram todas as suas fichas em uma única estratégia. Esses investimentos exorbitantes são impulsionados pela crença de que a IA mudará o mundo como o conhecemos, que a IAG (Inteligência Artificial Geral) finalmente permitirá que os humanos parem de trabalhar.

É uma narrativa épica na qual a IA é apresentada como uma espécie de messias que salvará o mundo, ignorando completamente uma alternativa: que a IA pode ser um grande salto tecnológico, sim, mas não tão revolucionária, nem, sobretudo, um negócio tão lucrativo. E não são apenas as empresas de tecnologia; os investidores estão presos nessa mesma obsessão.

China

Em 2017, a China anunciou o "Plano de Desenvolvimento de Inteligência Artificial de Nova Geração", definindo a IA como uma tecnologia estratégica. Para a China, a IA é uma prioridade nacional, mas sua abordagem é mais pragmática e muito menos especulativa. Basta observar seus modelos de IA, como o DeepSeek, eficazes, mas muito distantes dos modelos "de ponta" exorbitantemente caros nos quais os EUA estão investindo.

Sua visão para a IA não se concentra tanto em transformar o mundo, mas sim em usá-la como uma ferramenta para se tornar ainda mais eficiente em diversos processos. Há alguns meses, eles revelaram o plano "IA+", detalhando a implantação da IA ​​em seis setores: desenvolvimento científico e tecnológico, aplicações industriais, serviços ao consumidor, bem-estar público, governança e segurança, e colaborações internacionais.

A guerra da IA

Sempre ouvimos falar dessa batalha acirrada para dominar a IA por parte dos EUA. Em muitos casos, a guerra da IA, assim como a da Inteligência Artificial Geral (IAG), é mais um ponto de pressão para o Vale do Silício justificar seus enormes gastos ou alcançar seus objetivos. Recentemente, vimos isso acontecer com Jensen Huang, que pressionou o governo para que lhe permitissem vender seus chips na China. Seu argumento girava em torno da ideia de que a China alcançaria a independência tecnológica e, assim, venceria a guerra da IA.

O paradoxo para os Estados Unidos é que sua própria invenção está beneficiando seu inimigo. A guerra da IA ​​também serve como um ponto de pressão para a China: forçando os EUA a hipotecarem sua economia à tecnologia que consideram o futuro, enquanto os superam em tudo o mais.

A guerra econômica

Os Estados Unidos estão apostando tudo em um único cavalo vencedor, enquanto a China continua investindo para garantir sua dominância em outros setores-chave, como carros elétricos, baterias, robótica e, principalmente, energia renovável. Para a China, existem muitos futuros; para os EUA, apenas um.

A aposta na diversificação está dando certo. Em 2024, a China já fabricava 76% dos carros elétricos vendidos no mundo e 80% de todas as baterias de lítio. Eles também possuem o maior número de instalações de robôs industriais, o que lhes dá uma vantagem para se manterem como a fábrica do mundo. E há muito mais: eles também são líderes incontestáveis ​​em outros setores, como fabricação de drones, painéis solares, trens de alta velocidade e grafeno.

A IA da China é energia

A China investe em energia limpa há anos. De acordo com um relatório da Carbon Brief, a China investiu US$ 940 bilhões (cerca de R$ 5,1 trilhões) somente em 2024, e esse nem foi o ano de maior investimento. Curiosamente, a energia é fundamental para muitos setores, especialmente para a IA. Os Estados Unidos sabem disso muito bem e já se depararam com um obstáculo: não têm energia suficiente para tantos chips.

A China não só está produzindo mais energia, como também a está subsidiando. Jensen Huang alertou sobre essa situação, afirmando que "a China vai vencer a corrida da IA" graças aos subsídios governamentais para energia. Trump, por sua vez, desencorajou as energias renováveis ​​e a indústria de carros elétricos. No fim, parece que para os Estados Unidos, ou se vence a batalha da IA ​​ou se perde tudo.

Imagem | Gemini

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