Microplásticos são achados em estômagos de macacos da Amazônia, acendendo alerta de que áreas "protegidas" também estão correndo risco altíssimo de contaminação

Presença de partículas de plástico nos corpos dos animais datam de 2015

Getty Images/Anadolu
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Bárbara Castro

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Bárbara Castro

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Jornalista com pós-graduação em Cinema que passava as tardes vendo Cartoon Network e History Channel quando criança. Coleciona vinis, CDs e jogos do Nintendo DS e 3DS (e estantes que não cabem mais livros). A primeira memória com um computador é de ter machucado o dedo em uma ventoinha enquanto um de seus pais estava montando um PC.

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Pesquisadores brasileiros encontraram a presença de microplásticos nos estômagos de bugios-vermelhos (Alouatta juara), que vivem em áreas protegidas da Amazônia brasileira. Além da preocupação da presença destas partículas em animais de áreas protegidas, ela também representa a primeira vez que um animal arborícola — animais que vivem em árvores – ingeriu tais partículas.

O estudo, publicado na Springer Nature, analisou 47 indivíduos provenientes das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, no estado do Amazonas. Dois deles retornaram com resultados positivos para filamentos verdes de microplástico com menos de 5 milímetros de comprimento no estômago. 

"Mesmo assim, já é muita coisa. Eu preferiria não ter encontrado nada”, disse a autora principal, Anamélia de Souza Jesus, pesquisadora do Instituto Mamirauá, financiado pelo governo, em Tefé, no Amazonas, à Mongabay. “Encontrar microplásticos em ambientes preservados soa um alarme. Mostra que a poluição plástica está chegando a lugares que pensávamos serem protegidos.”

Reprodução (Reprodução)

O que torna o estudo ainda mais incrível é que a presença dos microplásticos estavam em estômagos de bugios caçados em 2015 por caçadores de subsistência da Amazônia. Isso comprova que não só os microplásticos estão presentes em áreas protegidas há pelo menos 10 anos, como também revela que a água que esses animais tomaram estava provavelmente contaminada por descarte de lixo inadequado, como redes de pesca que ficam presas em galhos. 

Uma pesquisa anterior já tinha comprovado a presença de microplásticos em peixes, aves, tartarugas e peixes-bois, assim como em sedimentos e água de rios, mas esta é a primeira vez que um animal que vive estritamente em copas de árvores registrou a presença dessas partículas. 

“Agora temos evidências de que [os resíduos plásticos] estão chegando a lugares que pensávamos serem inacessíveis”, disse Jesus. 

Capa da matéria: Getty Images/Anadolu

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