O acordo mais lucrativo da Apple ficou ainda melhor: o Google vai pagar, mas não pode impedir a Microsoft de fazer o mesmo

O juiz permite que o Google continue pagando à Apple para ser o mecanismo de busca padrão, mas sem exclusividade. A Apple poderá leiloar esse privilégio para o maior lance

Imagem de capa: Solen Feyissa
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Fabrício Mainenti

Redator

O acordo mais lucrativo da história da tecnologia acaba de mudar suas regras. O Google poderá continuar pagando à Apple para ser o mecanismo de busca padrão no Safari, mas não poderá mais garantir essa posição com um contrato de exclusividade.

Por que é importante

O juiz Amit Mehta permitiu que o Google continuasse seus pagamentos à Apple e a outros parceiros de distribuição, mas com uma condição fundamental: não pode vincular esses pagamentos à exclusividade. A empresa pode pagar para aparecer pré-instalada, mas não pode impedir seus concorrentes de fazerem o mesmo.

Em cifras

O Google paga mais de US$ 26 bilhões anualmente por esses acordos de distribuição, sendo a Apple a principal beneficiária.

  • Para o Google, é um investimento que vale a pena: quase 40% de suas buscas nos Estados Unidos são feitas pelo Safari. E o acordo funciona como um impedimento para a Apple lançar seu próprio mecanismo de busca;
  • Para a Apple, representa praticamente receita líquida que vai diretamente para seus resultados financeiros.

O acordo com o Google faz parte da divisão "Serviços"; nós o isolamos aqui para entender sua magnitude O acordo com o Google faz parte da divisão "Serviços"; o isolamos aqui para entender sua magnitude. Gráfico: Xataka | Fonte: Apple | Criado com Datawrapper

Novas regras

A Apple agora está em uma posição privilegiada. Ela pode manter o Google como padrão se ele continuar sendo a opção mais bem paga, mas também pode oferecer essa posição à Microsoft com o Bing, ao Perplexity ou até mesmo a vários mecanismos de busca ao mesmo tempo. É a transição de um casamento forçado para um mercado aberto.

Os fabricantes de smartphones têm a liberdade de pré-instalar ou promover outros mecanismos de busca além do Google. A Samsung poderia oferecer o Bing como uma alternativa de destaque. O Mozilla poderia diversificar suas opções no Firefox.

Nas entrelinhas

A decisão do juiz demonstra uma preocupação com o futuro, e não com o passado. Mehta menciona repetidamente a ascensão da IA ​​generativa e como o ChatGPT mudou o cenário competitivo. Ele não queria interferir muito em um mercado que está sendo "rapidamente transformado" por novos participantes.

Essa cautela salvou o Google de um mal maior. O tribunal havia pedido a venda forçada do Chrome e restrições muito mais severas. O juiz considerou que seria "muito complicado e arriscado".

  • O mercado comemorou a decisão com ganhos de 8% para o Google e 4% para a Apple.

Um ponto de virada

Esta decisão marca o início de uma nova era na distribuição de mecanismos de busca. A Apple agora pode experimentar modelos híbridos:

  • Google para buscas gerais;
  • Perplexity para consultas de IA;
  • Mecanismos de busca especializados para nichos específicos.

Ou simplesmente optar por quem paga mais em um determinado momento.

A ameaça

Para o Google, o risco não é apenas perder a exclusividade, mas enfrentar um leilão permanente.

  • Se a Microsoft decidir investir tudo no Safari, os custos podem disparar;
  • E se a Apple decidir diversificar suas opções, o Google perderia o controle sobre uma parcela significativa de seu tráfego.

O verdadeiro vencedor dessa decisão não é o Google, que evitou a fragmentação, mas perde sua posição de liderança. Quem se deu melhor foi a Apple, que mantém sua enorme receita e ganha a liberdade de escolher o maior lance a qualquer momento.

Tim Cook acaba de ver seu negócio mais lucrativo se tornar ainda mais valioso.

O Google, em um comunicado oficial, enfatizou que o tribunal "reconheceu que a alienação do Chrome e do Android teria ido além do escopo do caso" e teria prejudicado consumidores e parceiros. A empresa sustenta que "a concorrência é intensa" e expressa preocupação sobre como o compartilhamento de dados de busca "impactará nossos usuários e sua privacidade".

Esta é a declaração completa:

"A decisão de hoje reconhece o quanto o setor mudou com o advento da IA, que está oferecendo às pessoas muito mais maneiras de encontrar informações. Isso reforça o que temos afirmado desde que este caso foi aberto em 2020: a concorrência é intensa e as pessoas podem escolher facilmente os serviços que desejam. É por isso que discordamos veementemente da decisão inicial do tribunal, de agosto de 2024, sobre responsabilidade.
Agora, o tribunal impôs limites à forma como distribuímos os serviços do Google e exigirá que compartilhemos dados de pesquisa com concorrentes. Temos preocupações sobre como essas exigências afetarão nossos usuários e sua privacidade, e estamos revisando a decisão cuidadosamente. O tribunal reconheceu que a alienação do Chrome e do Android teria ido além do foco do caso na distribuição de pesquisas e teria prejudicado os consumidores e nossos parceiros.
Como sempre, continuamos focados no que importa: construir produtos inovadores que as pessoas escolham e amem."

Imagem de capa | Solen Feyissa

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