Sustentabilidade tem gênero? Pesquisa brasileira revela que mulheres demonstram maior preocupação com impactos climáticos do que os homens

Com o final do ano se aproximando, é natural rever as metas e planejar novos objetivos em diversas áreas, inclusive as relacionadas à sustentabilidade. No entanto, uma nova pesquisa indica que as expectativas para 2026 nesse ponto não são iguais para todos: mulheres e homens demonstram níveis diferentes de preocupação com os impactos ambientais e disposição para adotar hábitos mais ecológicos.

A pesquisa realizada pela Descarbonize Soluções, empresa especializada em energia limpa, mostra que as mulheres estão mais propensas a promover mudanças sustentáveis em 2026. O levantamento foi feito por meio de uma plataforma de pesquisas online, com 500 brasileiros de todas as regiões do país, todos maiores de 18 anos. Segundo os resultados, 52% delas afirmam já ter planos concretos para adotar hábitos mais conscientes no ano que vem, enquanto entre os homens essa intenção cai para 43%.

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Você sabia que sustentabilidade tem gênero? Não exatamente gênero, mas uma relação de cuidado que pode ser mais expressiva nas mulheres do que nos homens. De acordo com a pesquisa da Descarbonize Soluções, isso pode ser explicado porque o cuidado com o meio-ambiente está conectado com tarefas ligadas à rotina doméstica, ao planejamento familiar e administração da casa, responsabilidades que, na prática, ainda são atribuídas majoritariamente às mulheres.

Essas características ajudam a explicar por que elas demonstram maior sensibilidade ao assunto. Segundo o estudo, 61% das mulheres acreditam que o planeta vai sofrer com desastres naturais graves e frequentes nos próximos 20 anos, dez pontos percentuais acima dos homens, que marcam 51%. A percepção sobre a falta de recursos também é mais expressiva entre elas, com 59% das mulheres esperando maior escassez de água, energia e alimentos, contra 42% dos homens.

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Entenda o que dificultou manter uma vida sustentável em 2025

O estudo também perguntou quais foram as maiores dificuldades para manter hábitos sustentáveis em 2025. Duas barreiras apareceram sendo o mesmo obstáculo entre mulheres e homens:

• Alto custo de produtos sustentáveis
• Falta de tempo e de rotina para manter esse tipo de hábito

Outro ponto chamou atenção na pesquisa: os homens relataram maior falta de informação sobre o tema. Enquanto 15% deles disseram não se sentirem bem informados sobre sustentabilidade, entre as mulheres esse índice foi de 11%. 

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O alto custo de produtos sustentáveis dificulta manter hábitos ecológicos. Créditos: Nikita Burdenkov /GettyImages

Mas o que será que impede que a sociedade adote medidas mais sustentáveis?  Para Milena Andrade, gerente de marketing da Descarbonize Soluções, embora o desejo individual de cuidar do meio-ambiente seja importante, a transição para hábitos mais ecológicos depende de outras condições.

“Embora adotar hábitos sustentáveis seja uma escolha individual, ela acontece dentro de um contexto coletivo que nem sempre facilita essa decisão. No Brasil, o alto custo de produtos sustentáveis e a falta de tempo na rotina aparecem como obstáculos. Muita gente até quer mudar, mas não encontra condições práticas para isso.”

Milena também reforçou que a mudança não pode partir apenas da população. Segundo ela, empresas, governos e organizações devem criar caminhos mais acessíveis para que a sociedade adote práticas mais sustentáveis, seja oferecendo produtos e serviços mais sustentáveis ou investindo em políticas públicas que apoiem essas mudanças Para quem deseja começar adotando medidas que sejam benéficas para o meio-ambiente. Milena reforça que pequenas atitudes já fazem diferença:

“Separar resíduos, reduzir o consumo de água, optar mais por transporte coletivo ou compartilhado e reaproveitar itens antes de comprar novos são medidas simples que não elevam os custos. Priorizar produtores locais também fortalece economias regionais e reduz impactos ambientais.”