Viajar do norte da Alemanha ao extremo sul em 15 minutos seria possível com o projeto de trem de alta velocidade em que a China está trabalhando atualmente.
O objetivo, no entanto, não é ir de Kiel a Stuttgart o mais rápido possível, mas sim de Pequim a Xangai – uma distância de mais de 1.000 quilômetros.
Com o projeto T-Flight, a agência espacial chinesa CASIC está combinando duas tecnologias: levitação magnética (Maglev) e tubos de vácuo semelhantes ao Hyperloop.
De 120 quilômetros à maior rede do mundo
As ambições da China no setor ferroviário de alta velocidade aumentaram drasticamente desde 2008, quando os Jogos Olímpicos foram realizados em Pequim. Naquela época, havia apenas uma linha de alta velocidade de 120 quilômetros entre Pequim e Tianjin.
Hoje, a China opera mais linhas ferroviárias de alta velocidade do que qualquer outro país – muito à frente da Espanha, em segundo lugar, e do Japão, em terceiro (segundo dados da Statista).
Após a expansão da rede, um recorde de velocidade após o outro será quebrado. Pelo menos, esse é o plano.
O Plano de Três Fases
O objetivo da CASIC é aumentar gradualmente a velocidade do projeto T-Flight:
- Fase 1: 1.000 km/h com uma pista de testes de 60 quilômetros;
- Fase 2: 2.000 km/h. Quase duas vezes mais rápido que um avião comercial;
- Fase 3: 4.000 km/h. Mais rápido que a maioria dos jatos militares.
A essas velocidades, as principais cidades da China seriam alcançáveis em minutos. Voos de curta e média distância se tornariam obsoletos.
Como funciona o T-Flight? O conceito parece simples, mas é muito complexo:
- Levitação magnética: ímãs supercondutores elevam o trem até 100 mm acima dos trilhos. Isso é dez vezes mais alto do que com os trens maglev convencionais. O objetivo é proporcionar maior estabilidade em velocidades extremas;
- Tubo a vácuo: o trem viaja em um tubo parcialmente evacuado. Isso elimina quase completamente a resistência do ar;
- Sem atrito mecânico: como o trem está levitando, não há contato físico entre o veículo e os trilhos.
Testes anteriores demonstram o que é possível. Em 2024, a equipe estabeleceu um recorde mundial de 623 km/h. Neste verão, eles foram ainda mais rápidos: 650 km/h em apenas sete segundos. No entanto, a pista de testes tinha somente um quilômetro de extensão naquela época.
O verdadeiro problema: centenas de quilômetros de tubo de vácuo
Eis a questão: construir um trem de levitação magnética é viável, mas manter um tubo de vácuo estável por centenas de quilômetros é uma história completamente diferente. Os desafios técnicos são enormes:
- Vedação perfeita: um trecho de 600 quilômetros exige uma junta de expansão a cada 100 metros. Cada uma delas representa um ponto frágil em potencial por onde o ar pode penetrar;
- Controle de temperatura: o calor e o frio fazem com que os materiais se expandam e contraiam. Em um tubo parcialmente evacuado, isso pode levar a vazamentos perigosos;
- A perda de pressão seria catastrófica: qualquer descompressão descontrolada poderia ter consequências devastadoras;
- Ausência de padrões de segurança: simplesmente não existem padrões de certificação ou protocolos de segurança para tais sistemas;
- Vibrações: mesmo a 300 km/h, é possível sentir vibrações nos assentos — imagine a 2.000 km/h?
Por mais fascinante que seja o projeto T-Flight, colocá-lo em operação regular levará anos e custará uma fortuna. A infraestrutura por si só é uma tarefa gigantesca que vai muito além da construção de linhas ferroviárias comuns de alta velocidade. Mas o projeto continua avançando – mesmo que, provavelmente, não vejamos uma linha em funcionamento tão cedo.
Imagem de capa | Xataka - Geely
Ver 0 Comentários