Há smartphones que impressionam em ficha técnica, outros que brilham no marketing e alguns poucos que simplesmente fazem sentido no uso diário. O Xiaomi 15T se encaixa confortavelmente nesse último grupo. Depois de algumas semanas usando o modelo com 12 GB de RAM e 512 GB de armazenamento, fica claro que a Xiaomi acertou em algo raro: entregar um celular que não tenta ser o mais poderoso do mundo, mas que entende muito bem para quem ele existe.
Começando pelo design, o 15T é bonito — e isso importa. O acabamento é bem resolvido, com linhas sóbrias e uma identidade visual que não tenta copiar ninguém descaradamente. Sim, há plástico na construção, e isso pesa contra quando falamos de durabilidade e sensação premium, mas é um plástico bem trabalhado, sólido e honesto com a proposta do aparelho. A certificação IP68 contra água e poeira ajuda a reforçar a sensação de cuidado no projeto.
A tela OLED de 6,83 polegadas é outro ponto alto. Com resolução de 1280 x 2772 pixels, taxa de atualização de 120 Hz e suporte a Dolby Vision, ela se comporta muito bem em qualquer situação: sol forte, ambientes internos, consumo de vídeo ou redes sociais. É verdade que a Xiaomi reduziu a taxa máxima de 144 Hz do modelo anterior para 120 Hz aqui, o que tecnicamente é uma queda. Na prática? Difícil notar. A experiência segue fluida e agradável, exatamente como se espera de um aparelho dessa faixa de preço.
Imagens tiradas com o 15T.
Falando em preço, o Xiaomi 15T com as configurações iguais ao que testei custa em torno de R$ 4 mil — e esse número muda completamente o peso de qualquer crítica. Dentro desse valor, ele entrega um pacote extremamente competitivo, especialmente quando entramos no território das câmeras. A parceria com a Leica não é só um adesivo bonito: as fotos feitas com o conjunto triplo de câmeras traseiras impressionam. São 50 MP na principal, 50 MP na lente de zoom 2x e 13 MP na ultrawide. O resultado são imagens com ótimo alcance dinâmico, cores bem equilibradas e um tratamento que agrada tanto quem gosta de fotos mais naturais quanto quem prefere algo mais “Instagramável”. Inclusive, é possível configurar o padrão de cores nas fotos e, de maneira bem rápida, você escolhe entre algo mais próximo da realidade ou algo mais colorido, saturado.
Mesmo ponto de vista das fotos anteriores, mas com mais zoom digital.
Em vídeo, o desempenho também é sólido. Todas as câmeras gravam em 4K a 30 fps, o que não é revolucionário, mas garante consistência — algo que muitos concorrentes ainda falham em entregar. Para quem cria conteúdo casual ou registra o dia a dia, o conjunto é mais do que suficiente.
O desempenho geral do aparelho é… ok. E isso não é um elogio nem uma crítica pesada. No uso cotidiano, tudo funciona bem: apps abrem rápido, o sistema é fluido e não há engasgos evidentes. Em jogos mais pesados, porém, o 15T deixa claro que não é um monstro gamer. Ele roda, cumpre o papel, mas sem sobrar. Nada que comprometa a experiência para a maioria das pessoas, mas é bom alinhar expectativas.
Zoom aplicado numa noite chuvosa.
A bateria de 5.500 mAh entrega exatamente o que promete: um dia inteiro de uso confortável, chegando a um dia e meio se você for mais comedido. O carregamento não é o mais rápido da linha — o 15T Pro faz melhor nesse quesito —, mas ainda assim é satisfatório. É aquele tipo de bateria que não vira assunto, nem para o bem e nem para o mal.
O áudio segue a mesma lógica. Os alto-falantes estéreo com Dolby Atmos são altos e claros, mas com pouco grave. Não é ruim, especialmente considerando o preço, mas quem gosta de ouvir música com mais fidelidade provavelmente vai querer uma caixa de som ou fones dedicados.
Choveu em SP.
O HyperOS 3 merece um parágrafo à parte. Esta é, sem exagero, uma das melhores interpretações de Android hoje. O sistema é rápido, visualmente consistente e cheio de pequenos refinamentos que fazem diferença no dia a dia. Some a isso recursos como o infravermelho — que transforma o celular em controle remoto universal — e fica claro que a Xiaomi pensa em utilidade real, não só em especificações. E, claro, os recursos de IA para fotografia e outras coisas também estão lá.
Há contras, no entanto. O leitor de digitais sob a tela poderia estar melhor posicionado, mais ao centro, evitando um pequeno malabarismo com o polegar. A ausência de carregamento sem fio também pesa, especialmente quando o modelo Pro oferece isso. Nada disso, porém, chega perto de ser um deal breaker.
O modo noturno com IA me fez me sentir o J.J. Abrams com esses flares.
Mas o verdadeiro diferencial do Xiaomi 15T está onde ninguém esperava: na integração com o ecossistema da Apple. Se você, como eu, usa Mac e convive com pessoas que só têm iPhone, esse celular faz algo quase mágico. O aplicativo da Xiaomi no macOS permite espelhar a tela do aparelho e, mais do que isso, rodar alguns aplicativos do Android como se fossem nativos do Mac, com direito a redimensionar janelas — algo que o próprio iPhone não faz direito. Além disso, também no iPhone, o app da Xiaomi funciona como uma espécie de AirDrop alternativo, facilitando o compartilhamento de arquivos de forma prática.
O 15T também tira ótimas fotos internas, claro.
Claro, isso é referente mais ao HyperOS 3 do que ao 15T de fato, mas enquanto o Google insiste em manter sua melhor integração presa aos Pixels, a Xiaomi encontrou um jeito elegante de atravessar os muros entre Android e Apple.
Por isso, se eu fosse comprar um celular Android hoje, o Xiaomi 15T provavelmente seria minha escolha. Não por ser perfeito, mas por ser inteligente, equilibrado e surpreendentemente bem resolvido onde mais importa.
8.3
Prós
- Design bonito e bem acabado
- Câmeras Leica com ótima qualidade
- Tela OLED com boa taxa de atualização e visibilidade
- HyperOS 3 é uma das melhores versões de Android disponíveis no Brasil
- Certificação IP68 contra água e poeira
Contras
- Plástico na carcaça
- Taxa de atualização inferior do que a geração passada
- Não possui carregamento sem fio
O Xiaomi 15T é um Android extremamente equilibrado, que aposta em ótimo custo-benefício para entregar design bonito, tela OLED de alta qualidade, câmeras Leica excelentes para fotos e bons vídeos, sistema HyperOS 3 muito maduro e uma integração surpreendentemente eficiente com Mac e iPhone. Mesmo sem ser o mais potente para jogos, com algumas concessões como plástico na construção e ausência de carregamento sem fio, ele se destaca por fazer tudo muito bem no dia a dia e justamente por isso se torna uma das escolhas mais inteligentes do mercado hoje.
Créditos de imagens: Xiaomi, João Paes Neto para Xataka Brasil
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