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Se eu fosse comprar um celular Android hoje, provavelmente seria o Xiaomi 15T

O intermediário premium da Xiaomi entrega câmeras de elite, integração inesperada com o ecossistema Apple e um custo-benefício difícil de ignorar — mesmo com alguns compromissos

Crédito de imagem: Xiaomi
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João Paes

Redator
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João Paes

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Escreve sobre tecnologia, games e cultura pop há mais de 10 anos, tendo se interessado por tudo isso desde que abriu o primeiro computador (há muito mais de 10 anos). 

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Há smartphones que impressionam em ficha técnica, outros que brilham no marketing e alguns poucos que simplesmente fazem sentido no uso diário. O Xiaomi 15T se encaixa confortavelmente nesse último grupo. Depois de algumas semanas usando o modelo com 12 GB de RAM e 512 GB de armazenamento, fica claro que a Xiaomi acertou em algo raro: entregar um celular que não tenta ser o mais poderoso do mundo, mas que entende muito bem para quem ele existe.

Começando pelo design, o 15T é bonito — e isso importa. O acabamento é bem resolvido, com linhas sóbrias e uma identidade visual que não tenta copiar ninguém descaradamente. Sim, há plástico na construção, e isso pesa contra quando falamos de durabilidade e sensação premium, mas é um plástico bem trabalhado, sólido e honesto com a proposta do aparelho. A certificação IP68 contra água e poeira ajuda a reforçar a sensação de cuidado no projeto.

A tela OLED de 6,83 polegadas é outro ponto alto. Com resolução de 1280 x 2772 pixels, taxa de atualização de 120 Hz e suporte a Dolby Vision, ela se comporta muito bem em qualquer situação: sol forte, ambientes internos, consumo de vídeo ou redes sociais. É verdade que a Xiaomi reduziu a taxa máxima de 144 Hz do modelo anterior para 120 Hz aqui, o que tecnicamente é uma queda. Na prática? Difícil notar. A experiência segue fluida e agradável, exatamente como se espera de um aparelho dessa faixa de preço.

Crédito de imagem: João Paes Neto para Xataka Brasil Imagens tiradas com o 15T.

Falando em preço, o Xiaomi 15T com as configurações iguais ao que testei custa em torno de R$ 4 mil — e esse número muda completamente o peso de qualquer crítica. Dentro desse valor, ele entrega um pacote extremamente competitivo, especialmente quando entramos no território das câmeras. A parceria com a Leica não é só um adesivo bonito: as fotos feitas com o conjunto triplo de câmeras traseiras impressionam. São 50 MP na principal, 50 MP na lente de zoom 2x e 13 MP na ultrawide. O resultado são imagens com ótimo alcance dinâmico, cores bem equilibradas e um tratamento que agrada tanto quem gosta de fotos mais naturais quanto quem prefere algo mais “Instagramável”. Inclusive, é possível configurar o padrão de cores nas fotos e, de maneira bem rápida, você escolhe entre algo mais próximo da realidade ou algo mais colorido, saturado.

Crédito de imagem: João Paes Neto para Xataka Brasil Mesmo ponto de vista das fotos anteriores, mas com mais zoom digital.

Em vídeo, o desempenho também é sólido. Todas as câmeras gravam em 4K a 30 fps, o que não é revolucionário, mas garante consistência — algo que muitos concorrentes ainda falham em entregar. Para quem cria conteúdo casual ou registra o dia a dia, o conjunto é mais do que suficiente.

O desempenho geral do aparelho é… ok. E isso não é um elogio nem uma crítica pesada. No uso cotidiano, tudo funciona bem: apps abrem rápido, o sistema é fluido e não há engasgos evidentes. Em jogos mais pesados, porém, o 15T deixa claro que não é um monstro gamer. Ele roda, cumpre o papel, mas sem sobrar. Nada que comprometa a experiência para a maioria das pessoas, mas é bom alinhar expectativas.

Crédito de imagem: João Paes Neto para Xataka Brasil Zoom aplicado numa noite chuvosa.

A bateria de 5.500 mAh entrega exatamente o que promete: um dia inteiro de uso confortável, chegando a um dia e meio se você for mais comedido. O carregamento não é o mais rápido da linha — o 15T Pro faz melhor nesse quesito —, mas ainda assim é satisfatório. É aquele tipo de bateria que não vira assunto, nem para o bem e nem para o mal.

O áudio segue a mesma lógica. Os alto-falantes estéreo com Dolby Atmos são altos e claros, mas com pouco grave. Não é ruim, especialmente considerando o preço, mas quem gosta de ouvir música com mais fidelidade provavelmente vai querer uma caixa de som ou fones dedicados.

Crédito de imagem: João Paes Neto para Xataka Brasil Choveu em SP.

O HyperOS 3 merece um parágrafo à parte. Esta é, sem exagero, uma das melhores interpretações de Android hoje. O sistema é rápido, visualmente consistente e cheio de pequenos refinamentos que fazem diferença no dia a dia. Some a isso recursos como o infravermelho — que transforma o celular em controle remoto universal — e fica claro que a Xiaomi pensa em utilidade real, não só em especificações. E, claro, os recursos de IA para fotografia e outras coisas também estão lá.

Há contras, no entanto. O leitor de digitais sob a tela poderia estar melhor posicionado, mais ao centro, evitando um pequeno malabarismo com o polegar. A ausência de carregamento sem fio também pesa, especialmente quando o modelo Pro oferece isso. Nada disso, porém, chega perto de ser um deal breaker.

Crédito de imagem: João Paes Neto para Xataka Brasil O modo noturno com IA me fez me sentir o J.J. Abrams com esses flares.

Mas o verdadeiro diferencial do Xiaomi 15T está onde ninguém esperava: na integração com o ecossistema da Apple. Se você, como eu, usa Mac e convive com pessoas que só têm iPhone, esse celular faz algo quase mágico. O aplicativo da Xiaomi no macOS permite espelhar a tela do aparelho e, mais do que isso, rodar alguns aplicativos do Android como se fossem nativos do Mac, com direito a redimensionar janelas — algo que o próprio iPhone não faz direito. Além disso, também no iPhone, o app da Xiaomi funciona como uma espécie de AirDrop alternativo, facilitando o compartilhamento de arquivos de forma prática.

Crédito de imagem: João Paes Neto para Xataka Brasil O 15T também tira ótimas fotos internas, claro.

Claro, isso é referente mais ao HyperOS 3 do que ao 15T de fato, mas enquanto o Google insiste em manter sua melhor integração presa aos Pixels, a Xiaomi encontrou um jeito elegante de atravessar os muros entre Android e Apple. 

Por isso, se eu fosse comprar um celular Android hoje, o Xiaomi 15T provavelmente seria minha escolha. Não por ser perfeito, mas por ser inteligente, equilibrado e surpreendentemente bem resolvido onde mais importa.

8.3

Design 8.0
Tela 8.5
Performance 8
Camera 8.5
Software 8.5
Bateria 8

Prós

  • Design bonito e bem acabado
  • Câmeras Leica com ótima qualidade
  • Tela OLED com boa taxa de atualização e visibilidade
  • HyperOS 3 é uma das melhores versões de Android disponíveis no Brasil 
  • Certificação IP68 contra água e poeira

Contras

  • Plástico na carcaça
  • Taxa de atualização inferior do que a geração passada
  • Não possui carregamento sem fio 

O Xiaomi 15T é um Android extremamente equilibrado, que aposta em ótimo custo-benefício para entregar design bonito, tela OLED de alta qualidade, câmeras Leica excelentes para fotos e bons vídeos, sistema HyperOS 3 muito maduro e uma integração surpreendentemente eficiente com Mac e iPhone. Mesmo sem ser o mais potente para jogos, com algumas concessões como plástico na construção e ausência de carregamento sem fio, ele se destaca por fazer tudo muito bem no dia a dia e justamente por isso se torna uma das escolhas mais inteligentes do mercado hoje.

Créditos de imagens: Xiaomi, João Paes Neto para Xataka Brasil

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