Victor Bianchin
RedatorVictor Bianchin é jornalista.
A China é o lugar ideal para os engenheiros mais aventureiros. Ao gosto do país por construções enormes (como turbinas), soma-se uma orografia extremamente complexa que leva os engenheiros a criar soluções extremas para conectar os territórios. É assim que surgem túneis de tirar o fôlego, estradas impossíveis, a ponte marítima mais longa do mundo e barragens gigantescas. Uma de suas regiões, Guizhou, necessita de uma infraestrutura muito específica para não ficar isolada, e é lá que está a nova ponte mais alta do mundo.
E o teste de fogo antes da inauguração consistiu em encher a ponte de caminhões.
Há alguns anos, foi notícia a ponte Duge sobre o rio Beipan, então a mais alta do mundo, elevando-se 565 metros acima das águas. Mas ainda se precisava de outra ponte sobre o mesmo rio, e decidiu-se construí-la no cânion de Huajiang. O desafio era enorme, devido às características que o novo ponte deveria ter:
- Duas torres de 265 e 205 metros nas extremidades.
- Cabos de 9.000 toneladas cada.
- Comprimento total de 2.890 metros.
- Vão central com 1.420 metros de extensão.
- E o que nos interessa: a estrada está a 625 metros do solo e o topo das torres, a 776 metros.
Tempo recorde
A altura é equivalente a duas torres Eiffel, uma sobre a outra, sob o trecho suspenso. Além disso, trata-se do segmento suspenso mais longo do mundo construído em uma área montanhosa. As obras começaram em 2021 e, em janeiro deste ano, a China anunciou que 75% do projeto já estava concluído.
O ritmo nos últimos meses foi ágil, e estamos em um ponto em que as obras principais foram finalizadas. Ao todo, estima-se que foram utilizados 439.000 m³ de concreto e 49.000 toneladas de aço nesses quatro anos.
E o mais curioso é como os responsáveis pela obra decidiram testar a infraestrutura antes da abertura prevista para o final de setembro. Foram usados 96 caminhões, como se fosse um desfile, posicionados em linha ao longo de todo o trecho suspenso durante cinco dias. No total, foram 3.000 toneladas de massa.
Muitas dessas construções na China são executadas em áreas propensas a terremotos, e a região onde se encontra a Ponte do Grande Cânion de Huajiang não é alheia a tremores de terra. Em Guizhou, foram registrados 329 terremotos de, no mínimo, magnitude quatro nos últimos dez anos, e é por isso que a ponte está equipada com sensores que monitoram vibrações e variáveis estruturais em tempo real.
No fim, o teste de carga desses cem caminhões é mais uma notícia em torno da nova ponte mais alta do mundo, que é um feito não apenas por sua altura, mas pelo desafio topográfico extremo enfrentado. Estima-se que tenha custado cerca de 280 milhões de dólares e, uma vez aberta, permitirá atravessar o cânion em apenas alguns minutos, quando antes levava mais de uma hora.
Tudo para conectar áreas rurais, sendo este um dos objetivos do governo para melhorar as comunicações entre todas as regiões do país. Algo que não está sendo feito apenas em terra: também nos rios. O objetivo? Melhorar todas as comunicações para consolidar a “Nova Rota da Seda”.
Imagem | CCTV
Tradução via: Xataka Espanha.
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