Ex-engenheiros da NASA desenvolvem ferramenta sônica que "sufoca" o fogo: a ciência por trás da tecnologia que apaga chamas com som

Tubulações levam as ondas sonoras do gerador acústico até os pontos de incêndio | Imagem: Sonic Fire Tech
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Igor Gomes

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Subeditor do Xataka Brasil. Jornalista há 15 anos, já trabalhou em jornais diários, revistas semanais e podcasts. Quando criança, desmontava os brinquedos para tentar entender como eles funcionavam e nunca conseguia montar de volta.

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Quando se pensa em instalar caixas de som em casa, geralmente se tem em mente um sistema home theater para melhorar a experiência de assistir filmes e séries. Mas e se eu te disser que elas podem deixar os ambientes mais seguros e até mesmo evitar incêndios florestais? A Sonic Fire Tech, empresa sediada nos Estados Unidos e criada por ex-engenheiros acústicos da Nasa, promete apagar chamas sem utilizar água, nem produtos químicos, apenas ondas sonoras. A aposta é que essa tecnologia evite prejuízos causados pela inundação feita para debelar o fogo e seja uma maneira mais eficiente de controlar incêndios florestais. 

Ondas sonoras sufocam o fogo

Para que algo pegue fogo, são necessárias três condições: ter presença de oxigênio, haver combustível (o objeto que pega fogo) e uma fonte de calor. A tecnologia da Sonic Fire Tech funciona removendo o oxigênio do local das chamas através de ondas infrassônicas, com frequência abaixo dos 20Hz e inaudíveis aos ouvidos humanos. “O que fazemos é vibrar as moléculas de oxigênio em velocidade maior do que a combustão consegue utilizar, quebrando  a reação química do fogo”, explica Geoff Bruder, CEO da Sonic Fire Tech.

As caixas sonoras conseguem apagar chamas a mais de 7,5m de distância. Os projetos para ambientes internos se parecem com os encanamentos de sprinklers tradicionais: tubos rígidos de metal formam uma malha que transmite o impulso criado por um gerador acústico para os emissores, que possuem sensores para identificar o surgimento de chamas. Ao detectar o aumento da temperatura, esses emissores lançam um cone sonoro que dispersa o oxigênio na área coberta e impede o aumento e a dispersão das chamas. 

Zero danos e uso em incêndios de carros elétricos

Uma das vantagens do sistema da Sonic Fire Tech é que ela não causa dano à propriedade além do gerado pelo fogo. Sistemas anti-incêndios que usam água, pós ou espuma, podem causar alagamentos ou até mesmo danos químicos aos objetos que não tenham sido atingidos pelas chamas. O uso de ondas sonoras evita esse problema.

Outra vantagem é que ele pode ser usado em chamas causadas por curtos circuitos de baterias de lítio, sejam em carros, bicicletas, ou outros aparelhos eletrônicos. Na semana passada, uma bicicleta elétrica causou um incêndio em um apartamento no Flamengo, no Rio de Janeiro. Nesses casos, não é possível usar nenhum tipo de extintor mais comum pois até mesmo a água pode reagir com a composição química das baterias de lítio e reiniciar as chamas. 

De acordo com Geoff Bruder, o sistema da empresa não é capaz de evitar a fuga de calor (fenômeno em que a bateria de lítio esquenta e o contato com gases inflamáveis reinicia o fogo), mas restringe as chamas à bateria, evitando que ela atinja os arredores. “Como o processo é puramente físico e sem contato, evita-se o risco de explosão ou reação química que os agentes extintores tradicionais podem causar em incêndios com lítio”, explicou. 

Apesar de apenas restringir o fogo à área da bateria, mesma técnica utilizada por bombeiros com água, essa opção evita o desperdício. No último sábado (18/10), um incêndio causado após um Tesla sofrer uma colisão em Canberra, Austrália, precisou de 20 mil litros de água para ser extinto

Sonic Fire Tech arrecada US$ 3,5 milhões para financiar soluções de defesa contra incêndio por infrassom

Na última quarta-feira (15/10), a startup de tecnologia de combate a incêndios levantou US$ 3,5 milhões em financiamento inicial para expandir suas soluções patenteadas de supressão de incêndios por infrassom. A rodada de investimentos foi coliderada pela Khosla Ventures, Third Sphere e AirAngels, juntamente com um grupo de investidores-anjo.

O financiamento, encerrado no final do segundo trimestre de 2025, será usado para:

  • Planeje e inicie certificações de produtos  com a FM Global (uma seguradora de propriedade focada em prevenção de perdas), UL (Underwriters Laboratories, uma organização de certificação de segurança) e autoridades de segurança pública.
  • Ampliar a produção nacional e construir redes de parceiros de instalação para produzir 500 unidades até o segundo trimestre de 2026.
  • Lançar implantações de campo para proprietários de residências, concessionárias de serviços públicos e bombeiros, com o objetivo de iniciar 50 instalações piloto até o primeiro trimestre de 2026.
  • Ampliar o acesso ao financiamento de subsídios do setor público e parcerias de seguros.

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