Especialistas afirmam: a Notre-Dame não soa mais a mesma igual a antes do incrível fogo que a consumiu em 2019

Catedral histórica passou quase 4 anos em restauração após incêndio

Getty Images/NurPhoto
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Bárbara Castro

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Bárbara Castro

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Jornalista com pós-graduação em Cinema que passava as tardes vendo Cartoon Network e History Channel quando criança. Coleciona vinis, CDs e jogos do Nintendo DS e 3DS (e estantes que não cabem mais livros). A primeira memória com um computador é de ter machucado o dedo em uma ventoinha enquanto um de seus pais estava montando um PC.

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A Catedral de Notre-Dame é um dos símbolos mais importantes da França. Fundada no século 12, a estrutura é um dos belos exemplos da arquitetura gótica e palco de diversas histórias, como O Corcunda de Notre-Dame, de Victor Hugo. No entanto, em 2019, a bela igreja foi consumida por um incêndio e desde então passou por uma restauração intensa que durou cerca de quatro anos. No fim de 2024, ela reabriu, mas especialistas notaram algo diferente. 

A música da Notre-Dame não é a mais a mesma, afirmou Brian Katz, especialista em acústica e diretor de pesquisa do Institut D'Alembert da Universidade Sorbonne, na França.

Katz passou mais de uma década estudando as acústicas da igreja e como elas reverberavam na estrutura, e especialmente tentando entender como cânticos, orações e até passos de pessoas poderia fazer diferentes sons ao longo da evolução da construção (1163-1345). 

Ele foi chamado para ajudar na reconstrução e restauração da igreja após o fogo que a consumiu, tentando preservar o máximo da estrutura original e seu som, mas algumas coisas são difíceis de reproduzir. 

"É difícil dizer exatamente como mudou, mas esperamos que seja mais impactante", diz ele. "O organista já declarou que levará algum tempo para se adaptar às sutis mudanças na acústica e no órgão restaurados. Isso é muito típico de, digamos, uma nova sala de concertos, onde a orquestra residente – e o público – precisam de alguns meses para se adaptar às novas condições. O espaço é como um instrumento, e é preciso se familiarizar com ele para tirar o máximo proveito dele." (via BBC)

Getty Images/Planet One Images Interior da Notre-Dame antes do incêndio (Getty Images/Planet One Images)

Ele e sua equipe foram chamados diversas vezes para autorizar melhorias da "nova" Notre-Dame, especificamente um novo órgão que deveria ser maior e colocado em uma posição mais alta, mas, claro, isso significaria mudar a sonoridade da igreja. 

Com a restauração e limpeza do órgão anterior, Katz também tem algumas ideias do motivo de Notre-Dame não soar mais a mesma, entre elas a remoção do tapete que percorria o perímetro do interior da igreja, que foi colocado na década de 1980 para absorver o som dos calçados dos turistas. Entre outras possibilidades está a remoção de adereços das paredes da catedral e a troca dos assentos de tecido para cadeiras de madeira maciça. 

Outra possibilidade é a própria pedra da catedral, agora limpa de todos os séculos de sujeira. 

"Eles tiveram que remover todo o pó de chumbo, então o que fizeram foi borrifar látex líquido nas paredes e removê-lo como se fosse uma pele. Ele penetra em todas as frestas e remove todo o pó de lá. A pintura e o gesso também são novos. Então, nesse aspecto, esperamos que haja muito mais reverberação do que antes do incêndio."

Getty Images/Pascal Le Segretain Interior da Notre-Dame após restauração (Getty Images/Pascal Le Segretain )

Além da pedra limpa, os vitrais limpos dão mais luminosidade para o espaço, antes algo escuro e iluminado por velas. Desse modo, é quase como se pudesse ser transportado para uma versão mais "jovem" de Notre-Dame. 

"Devido à iluminação — que é muito mais brilhante — e à limpeza das janelas, que adicionam uma quantidade enorme de luminosidade ao espaço, acho que há uma diferença palpável na forma como os músicos e o público transmitem essas informações ao que estão ouvindo, talvez criando a impressão de que o som está mais brilhante e claro agora", diz Gustavo Dudamel, maestro venezuelano que liderou a Orquestra Filarmônica da Rádio França na reabertura de Notre-Dame em 7 de dezembro de 2024, e que dirigiu as apresentações antes do incêndio.

Claro, apenas o tempo dirá como a Notre-Dame realmente mudou (e renasceu).

Capa da matéria: Getty Images/NurPhoto

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