As empresas mexicanas estão adotando a inteligência artificial em ritmo acelerado. Essa é a principal conclusão do estudo "Libertando o potencial da IA no México 2025", que revela que, somente em 2024, 495 mil empresas no país começaram a usar essa tecnologia, o que equivale a quase uma empresa por minuto.
De acordo com o estudo, a taxa de adoção passou de 29% para 38% no último ano. Isso significa que mais de um terço das organizações no México, aproximadamente 2 milhões de empresas, já integraram a IA em suas operações. No caso das PMEs, o crescimento foi semelhante, com 37% delas já utilizando soluções de IA.
Isso se traduz em múltiplos benefícios. Por exemplo, 83% das empresas que já utilizam IA relatam um aumento na receita, com um aumento médio de 16%. Além disso, 88% delas relatam melhorias significativas em sua produtividade. Com esses resultados, detalha o relatório, as empresas podem direcionar seus recursos para a melhoria dos serviços e do relacionamento com os clientes (66%) e para o desenvolvimento de novos produtos (61%).
Apesar dos benefícios, o uso da IA "verdadeiramente transformadora", como o relatório a classifica, ainda é limitado.
Apenas 3% de todas as empresas mexicanas a utilizam atualmente em um nível avançado, com a integração de "capacidades sofisticadas" para impulsionar uma transformação abrangente.
Ação do Governo: a estratégia de IA do México
O relatório também destaca que esse boom tecnológico é apoiado por uma série de políticas públicas. No início de 2025, o governo apresentou a Agência para a Transformação Digital e Telecomunicações (ATDT), instituição responsável por unificar as capacidades tecnológicas do Estado.
Entre as iniciativas prioritárias da ATDT está o objetivo de reduzir em 50% os procedimentos e requisitos administrativos. Além disso, o programa Llave MX busca digitalizar 80% dos serviços governamentais mais utilizados no país para facilitar o ambiente de negócios.

Essas ações são complementadas pela Aliança Nacional para a Inteligência Artificial (ANIA), uma plataforma multissetorial lançada em 2023 para promover o desenvolvimento responsável da IA.
A lacuna da IA: adoção ampla, mas superficial
Embora a adoção da IA no México esteja acelerando, o relatório revela uma "desigualdade crítica": muitas empresas ainda não aproveitam seus usos mais avançados. A maioria das implementações é dividida em três níveis:
- Nível de entrada (72% dos adotantes): Concentram-se em usos para ganhos incrementais, como aumento de eficiência e otimização de processos. Isso inclui o uso de chatbots públicos para tarefas rotineiras ou a aquisição de soluções de IA prontas para uso.
- Estágio intermediário (16%): Neste nível, as empresas vão além de aplicativos isolados e integram a IA a funções de negócios mais amplas, resultando em ganhos de eficiência e abordagens mais inovadoras.
- Estágio avançado (7%): Essas empresas, que representam 3% do total no México, combinam múltiplas ferramentas de IA para tarefas complexas e criam sistemas personalizados que transformam suas operações.
Economia de "dois níveis": startups vs. grandes empresas
Essa lacuna é mais evidente quando se comparam startups a grandes corporações. As startups mexicanas emergem como líderes, com uma taxa de adoção de 41%, superior à média nacional.
Destas, 29% já utilizam IA em suas aplicações mais avançadas e 31% estão desenvolvendo novos produtos ou serviços com essa tecnologia.

Em contraste, 75% das grandes empresas permanecem em um nível básico de adoção. Apenas 20% possuem uma estratégia global de IA e apenas 9% desenvolveram produtos inovadores com essa tecnologia. Isso cria uma dinâmica de "dois níveis" que limita o impacto econômico e social mais amplo da IA no país.
Os três grandes obstáculos para a IA avançada
O relatório identifica diferentes barreiras que impedem as empresas mexicanas de aproveitar todo o potencial da IA.
Primeiramente, há uma lacuna acentuada de habilidades digitais. Este é o principal obstáculo, já que 40% das empresas têm dificuldade em encontrar talentos locais com a experiência necessária. O relatório projeta que 45% dos novos empregos nos próximos 3 anos exigirão habilidades em IA.
Em segundo lugar, os custos, tanto reais quanto percebidos, são um fator limitante. Estima-se que 17 em cada 100 pesos do orçamento de tecnologia sejam alocados para custos de conformidade regulatória. Além disso, 34% das empresas citam os custos iniciais como uma barreira fundamental à adoção.
Apesar desses desafios, reconhece-se a urgência de ter pessoal treinado. As empresas estão dispostas a oferecer um prêmio salarial de 34% para candidatos com fortes habilidades digitais, e 15% já implementaram treinamento específico em IA.
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