Cultivando ininterruptamente o mesmo pedaço de terra desde 1843: o experimento mais antigo do mundo

Uma das maiores revoluções científicas do mundo surgiu graças a um pequeno experimento — que continua em andamento 160 anos depois

Experimento de cultivo / Imagem: James Baltz
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Era 1832 e John Bennet Lawes, com seus 17 anos recém-completos, tinha em suas mãos uma enorme propriedade no coração de Hertfordshire (Reino Unido) e muito tempo livre. Ele havia sido recentemente expulso de Oxford e retornado à mansão que herdou de seu pai uma década antes. Agora, só precisava decidir o que fazer com a sua vida.

Ele não sabia, mas estava prestes a iniciar o experimento em andamento mais antigo da história: o Broadbalk Experiment.

“E se plantarmos quatro ervas?” —  foi assim que Lawes começou, cultivando plantas medicinais na propriedade e testando os efeitos de diferentes fertilizantes em um punhado de vasos. As coisas correram bem e, alguns anos depois, os experimentos foram expandidos para cultivos em campo.

A intenção do jovem John Bennet era simples: fazer com que os agricultores não precisassem depender de animais para produzir fertilizantes.

Ele conseguiu. E como conseguiu. Em 1842, patenteou um fertilizante à base de fosfatos que revolucionou o mundo da agricultura e deu início à era dos fertilizantes industriais. Ficou rico, claro. Mas isso não é o que nos interessa hoje.

O que nos interessa é que, desde o outono de 1843, e para estudar os efeitos a longo prazo de diferentes fertilizantes e adubos no rendimento do trigo de inverno e na fertilidade do solo, ele começou a plantar trigo em Rothamsted.

A primeira colheita foi em 1844 e, desde então, são cultivadas faixas de trigo com diferentes tratamentos de fertilizantes ao longo do campo. Isso significa que algumas faixas receberam a mesma quantidade de fertilizante por mais de 160 anos.

Isso não quer dizer que não tenha havido mudanças, claro. O experimento de Broadbalk é algo vivo e foi se modificando ao longo do tempo para abordar novos problemas científicos (como a introdução de diferentes variedades de trigo ou a aplicação de novos métodos de cultivo).

O estudo não só permitiu (e permite) ajustar com uma precisão sem precedentes a quantidade, frequência e tipo de fertilizante que deveríamos usar; mas também gerou uma grande quantidade de dados e amostras (de grãos, palha e solo) que são utilizados por cientistas de todo o mundo em estudos de longo prazo sobre impacto ambiental e sustentabilidade agrícola. Um sucesso.

O argumento de não saber qual será o impacto a longo prazo das coisas não é apenas razoável, é positivo. Este experimento nos permitiu dissipar todas as dúvidas que tínhamos sobre uma das tecnologias mais importantes do mundo: aquela que possibilitou que sejamos mais de oito bilhões de pessoas no planeta.

Imagem | James Baltz

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


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