Ele é considerado o maior jogador de xadrez da história, mas não foi capaz de vencer o mundo inteiro

A plataforma Chess.com organizou uma partida de xadrez freestyle contra “O Mundo” e, após 32 lances, o resultado foi uma grande surpresa

Mais de 143.000 usuários do Chess.com jogaram juntos contra o campeão / Imagem | Frans Peeters
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

No dia 4 de abril, começou uma partida de xadrez estilo livre muito especial. Com as peças brancas, Magnus Carlsen, considerado o melhor jogador de xadrez da história. Com as peças pretas, o mundo inteiro. E o mundo conseguiu forçar um empate.

Carlsen não conseguiu vencer o mundo

No dia 20 de maio, essa partida de xadrez freestyle terminou de forma surpreendente. Após 32 lances, “O Mundo” forçou um empate em um final de dama graças à regra da tripla repetição. Essa regra permite que um jogador reivindique empate se a mesma posição no tabuleiro ocorrer pelo menos pela terceira vez durante a partida.

O evento, organizado pela plataforma de xadrez online Chess.com, colocou frente a frente o ex-campeão mundial de xadrez clássico — que perdeu esse título por não querer defendê-lo — contra mais de 143.000 usuários do Chess.com, que uniram forças para tentar derrotá-lo.

Xadrez freestyle

Magnus Carlsen, de 34 anos, tornou-se o jogador com a maior pontuação mundial em 2010, aos 19 anos, e conquistou cinco campeonatos mundiais. Em 2014, alcançou a maior pontuação ELO da história, com 2.882 pontos. Nos últimos anos, tensões com a FIDE e seu próprio desgaste com o xadrez clássico levaram-no a abandonar a luta pela defesa do título de campeão mundial. Ele continua competindo em torneios de xadrez clássico, mas está especialmente interessado em torneios de partidas rápidas e, mais recentemente, em promover a modalidade FreeStyle, também conhecida como Chess960 (Xadrez 960) ou xadrez aleatório de Fischer.

Inclusive, a partida contra “O Mundo” não utilizou as regras do xadrez clássico, mas sim as do freestyle. Nessa modalidade, as posições das peças da fileira traseira (torres, cavalos, bispos, dama e rei) são escolhidas de forma aleatória, embora duas regras devam ser respeitadas. A primeira: os bispos devem estar em casas de cores diferentes. A segunda: é possível continuar fazendo o roque dos dois lados, portanto o rei deve sempre estar entre as duas torres.

Após cada lance de Carlsen, o turno de “O Mundo” tinha um sistema de votação com duração de 24 horas no qual todos os envolvidos na partida podiam participar. Não era obrigatório votar em todos os lances e, para ajudar os jogadores de “O Mundo”, havia vários “treinadores” que compartilhavam suas próprias análises e reflexões sobre os melhores movimentos e o estado da partida.

Um jogo "sólido"

Em declarações após a partida, Carlsen afirmou que “em geral, ‘O Mundo’ jogou um xadrez muito, muito sólido desde o início. Talvez não tenha optado pelas jogadas mais ousadas, mas manteve-se mais na linha do xadrez normal, o que nem sempre é a melhor estratégia, mas desta vez funcionou bem”.

Nos últimos lances, os jogadores de “O Mundo” discutiram se deveriam forçar o empate pela repetição tripla ou tentar continuar jogando para vencer, mesmo que isso implicasse em uma derrota. No fim, os votos favoreceram a estratégia mais conservadora, optando por forçar o empate.

Já houve eventos semelhantes antes. Em 1999, Garry Kasparov jogou contra mais de 50 mil jogadores pela Microsoft Network e venceu após quatro meses. No ano passado, o grande mestre Viswanathan Anand venceu uma partida contra mais de 70 mil jogadores no Chess.com. Em ambos os casos, tratavam-se de partidas de xadrez clássico.

Os analistas do Chess.com descreveram o jogo como "uma montanha-russa", com alguns momentos dramáticos. Carlsen chegou a ter uma posição um pouco mais vantajosa, mas não conseguiu aproveitá-la e confessou que, a partir daquele momento, tudo caminhava para o empate, pois "não me deram nenhuma chance".

Imagem | Frans Peeters

Este texto foi traduzido/adaptado do site JV Tech.

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