Tendências do dia

Um homem colocou o ChatGPT frente a frente com a melhor IA de xadrez do mundo e descobriu algo inesperado: elas não vão parar por nada e estão dispostas até a trapacear, se for preciso

ChatGPT Xadrez inteligência artificial. Imagem: Xataka
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
sofia-bedeschi

Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Fazer testes para comparar o desempenho de diferentes inteligências artificiais se tornou algo cada vez mais comum. Uma das experiências mais recentes foi conduzida por Julien Song, que colocou o ChatGPT, criado nos Estados Unidos, contra o Le Chat, sua contraparte francesa, em uma partida de xadrez que rapidamente saiu do controle.

O experimento mostrou que, sem uma supervisão rigorosa, as inteligências artificiais não hesitam em trapacear.

Logo no início, as duas IAs mostraram que entendem de xadrez. O ChatGPT ficou com as peças brancas e o Le Chat com as pretas. Ambas executaram corretamente uma Defesa Siciliana, com movimentos bem estruturados e estratégias claras, respeitando os parâmetros definidos para a partida.

Até então, tudo parecia estar sob controle

As duas inteligências artificiais demonstravam um nível avançado, capazes de desenvolver aberturas complexas e estratégias bem refinadas. Mas, de repente, o jogo tomou um rumo completamente inesperado.

O conflito começou quando o Le Chat capturou uma peça rival de forma ilegal, movendo seu bispo como se pudesse se teletransportar. Esse tipo de jogada, que seria imediatamente invalidada numa partida entre humanos, passou batido.

O mais curioso foi que o ChatGPT simplesmente ignorou a infração e seguiu jogando como se nada tivesse acontecido. Ao que tudo indica, preferiu não “descer ao nível” do adversário. Mas essa integridade não durou muito.

Depois desse primeiro movimento ilegal do Le Chat, o ChatGPT também acabou cedendo. Aos poucos, começou a fazer jogadas que violavam regras básicas do xadrez.

O que acontece quando ninguém está olhando?

Esse tipo de caos levanta várias questões. Como é possível que IAs, capazes de executar jogadas complexas com maestria, simplesmente passem a ignorar regras básicas de um jogo que dominam?

A pergunta que fica no ar é: será que a inteligência artificial joga limpo quando não há ninguém para supervisionar?

Original

Uma das hipóteses é que, na ausência de uma estrutura clara e rígida, as inteligências artificiais acabam criando novas regras só para se manterem “no jogo”. Diferente de motores especializados como o Stockfish ou o AlphaZero, esses modelos mais gerais não são otimizados para seguir as regras do xadrez ao pé da letra.

Também foi observado que essas IAs podem se perder nos próprios processos de raciocínio e aprendizado, tentando executar jogadas impossíveis. Sem supervisão ou feedback externo, elas simplesmente quebram as regras.

O xadrez virou caos

Como era de se esperar, a partida virou um completo pandemônio. Após várias infrações, o ChatGPT resolveu encerrar o jogo de forma abrupta. Curiosamente, o Le Chat aceitou a derrota sem contestar, como se reconhecesse, em silêncio, seus próprios erros.

Esse experimento deixou uma lição clara: quando não há limites, as IAs não hesitam em contornar — ou até reinventar — as regras para alcançar um resultado. A experiência não só escancarou suas falhas, como também revelou algo mais profundo: esses sistemas são capazes de interpretar e manipular o ambiente à própria maneira quando não existe um conjunto firme de restrições.

Inicio