É inegável que a Geração Z enfrenta um cenário econômico e trabalhista complicado. Com demanda saturada de trabalhadores e oferta limitada de empregos, os jovens se deparam com vagas que pouco se ajustam às suas necessidades e padrões. Em meio a esse panorama, houve quem apostasse na estabilidade em vez do salário. E a escolha deu muito certo.
Acontece que, na Espanha, com o aumento salarial para os funcionários públicos no início de 2025, os Gen Z não hesitaram em considerar as vagas no setor público como sua principal aspiração, em vez de direcionar suas carreiras para o setor privado. Como resultado, aumentou o número de candidatos em concursos, que estão cada vez mais jovens. A aspiração deles: ganhar até 43% a mais do que nas empresas privadas.
De acordo com informações do Business Insider, o salário médio anual no setor privado é de 23.000 euros (R$ 147 mil). No entanto, os funcionários públicos ganham 24% a mais. No caso do Subgrupo A1, o nível mais alto dentro dos cargos públicos, o número chega a 43%.
Embora esse percentual corresponda à soma de adicionais, gratificações e tempo de serviço, mesmo o nível mais baixo — conhecido como Agrupação Profissional, e que poderia ser o mais visado pela Geração Z — mantém rendimentos 18% superiores à média. Em números, isso significa um rendimento anual de 25.337 euros (R$ 162 mil).
Como se não bastasse, esse tipo de emprego traz consigo justamente aquilo que a Geração Z mais procura: uma vida profissional mais estável. Com jornadas de trabalho definidas, benefícios sociais, licenças, permissões e até aposentadorias vantajosas, fica evidente o que eles estão buscando. Com isso, molda-se um padrão ao qual muitos voltam a aspirar, distanciando-se das condições impostas pelas empresas privadas.
Assim, os jovens espanhóis encontraram uma salvação nos empregos públicos, considerando que, no futuro, a idade média para esses cargos deve cair para 34 anos. Mas atenção: isso não significa que essa tendência se repita no mundo todo. Em outros países europeus, como Itália e Alemanha, a diferença salarial entre o setor público e o privado é de 19% e 2%, respectivamente.
Trabalhos no setor público e privado no México
Os jovens mexicanos também estão apostando nessa opção? Em resumo, é complicado. Primeiramente, podemos recorrer a uma análise realizada pelo Instituto Mexicano de Contadores Públicos, que evidenciou uma tendência semelhante no aumento da renda dos trabalhadores do setor público. Segundo os dados, entre 2003 e 2018, houve um aumento médio anual de 0,5%.
No entanto, segundo informações da Forbes, 9 em cada 10 jovens mexicanos não têm interesse em ocupar um cargo público. Em outras palavras, apenas 5% da população jovem tem interesse em um trabalho como funcionário público. Por sua vez, a UNAM revelou que apenas 14% dos graduados universitários trabalham no setor público, enquanto a maioria opta pelo setor privado ou por atuar como profissionais autônomos.
Aqui também entra o debate entre o que se busca e o que é oferecido. Por exemplo, a plataforma Indeed aponta que um médico cirurgião — uma das profissões mais bem pagas do país, segundo o aplicativo — pode receber 37.000 pesos mensais (R$ 10.800) no setor público, enquanto que, no setor privado, esse valor pode chegar a 120.000 (R$ 35 mil). A isso se soma o fato de que os benefícios não monetários também passam a ter grande relevância.
Assim, com 94% dos candidatos a diferentes empregos buscando maiores benefícios na saúde privada e seguros de vida, parece que, deste lado do “Atlântico”, não é tão atraente ser um funcionário público.
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka México.
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