O remédio que prometia curar tudo: conheça a história do xarope de láudano que misturava álcool e morfina para aliviar dores - mas criava dependência

Popular na Era Vitoriana, o láudano virou remédio para quase tudo antes de ter seus perigos reconhecidos

Frasco de láudano.
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Laura Vieira

Redatora
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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Antes da existência dos antibióticos e de outros medicamentos modernos, a medicina recorria a soluções para tratar problemas de saúde que, no mínimo, eram duvidosas. Foi nesse contexto que o láudano se transformou em um dos medicamentos mais populares e controversos do século XIX. Muito consumido durante a Era Vitoriana, entre 1837 e 1901, o xarope de láudano era vendido como um remédio quase universal, seja para aliviar dores, relaxar, conter a tosse e tratar distúrbios intestinais. O problema é que essa solução vista como milagrosa era preparada com uma combinação de álcool, morfina e derivados do ópio, e por isso era capaz de causar dependência e outros efeitos à saúde.

Xarope de láudano: entenda o que é e para que servia a substância

O láudano era um medicamento extremamente potente muito utilizado para o alívio da dor. Mas o que essa substância é, afinal? Ele é, essencialmente, uma tintura de ópio dissolvida em álcool. Porém, não existia uma fórmula única para o medicamento, pois cada fabricante podia ajustar a composição do remédio. 

Geralmente, a mistura continha uma alta concentração alcoólica e alcaloides do ópio, como morfina e codeína. Essas substâncias tinham um gosto amargo e forte, e para disfarçar o sabor, eram adicionados outros ingredientes como especiarias, mel ou vinho. Além do alívio de dores, o láudano também reduzia crises de diarreia, ajudava a parar a tosse e induzia ao sono, sendo usado tanto para cólicas menstruais quanto para problemas respiratórios.

Remédio aliviava sintomas, mas tinha efeitos colaterais perigosos e criava a dependência

Se por um lado o láudano oferecia alívio rápido para os sintomas, por outro, poderia causar dependência química. Devido ao efeito instantâneo e a falta de conhecimento sobre os seus riscos, a substância passou a ser utilizada com muita frequência, inclusive entre crianças. O problema é que o uso frequente do remédio levava à tolerância, fazendo com que o paciente precisasse de doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito. Com o tempo, o organismo passava a depender da substância, e a interrupção provocava sintomas intensos de abstinência.

Além da dependência, o medicamento também comprometia funções mentais e físicas. Usuários crônicos frequentemente apresentavam sonolência constante, dificuldade de concentração e apatia profunda. Em doses elevadas, o láudano podia reduzir perigosamente a respiração, um efeito que hoje é reconhecido como a principal causa de morte em overdoses de opiáceos.

Os efeitos colaterais  pelo consumo indiscriminado passaram a ser observados tanto por médicos quanto pelas autoridades. Com isso, no início do século XX, leis foram criadas para controlar a produção e distribuição de produtos à base de ópio. Ou seja, aquele medicamento que era usado para tratar basicamente tudo, passou a ser extremamente controlado.



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