Pensávamos que trabalhar nas pirâmides do Antigo Egito não era a coisa mais saudável: agora sabemos o quão tóxico foi

Pirâmides do Egito e sua construção não foram nada tranquilas. Imagem: fabreminerals.com
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

Geoquímicos da Universidade de Marselha fizeram uma descoberta no porto de Quéops, próximo às pirâmides de Gizé, que pode mudar a forma como entendemos o impacto humano no meio ambiente. Os cientistas identificaram vestígios de contaminação por cobre, um metal utilizado pelos antigos egípcios na fabricação de ferramentas e adornos.

Os pesquisadores empregaram uma técnica chamada espectrometria sem plasma para analisar amostras de solo e medir os níveis de cobre e outros metais. O estudo revelou que a contaminação por cobre começou muito antes do que se imaginava, por volta de 3265 a.C. Isso sugere que a região foi ocupada por humanos 200 anos antes do que se acreditava.

Contaminação por cobre no Antigo Egito

Os resultados do estudo, iniciado em 2019 com a perfuração do solo no porto de Quéops, foram publicados neste ano na revista Geology. Segundo a pesquisa, a contaminação atingiu seu pico 750 anos depois, por volta de 2515 a.C., e desapareceu somente em 100 a.C. Alain Véron, um dos autores do estudo, afirmou que, naquela época, os níveis de cobre eram entre cinco e seis vezes superiores aos naturais.

Devido à contaminação, trabalhar nas pirâmides também não era uma tarefa simples ou saudável. De acordo com o estudo, a exposição excessiva ao cobre pode ter causado sintomas como vômitos, diarreia, náuseas e dores abdominais nos trabalhadores. A longo prazo, os efeitos poderiam ser ainda mais graves, incluindo danos aos rins e ao fígado.

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Uma nova indústria

A descoberta pode ter implicações ainda mais amplas, como destacam os pesquisadores. A presença de cobre no local é provavelmente um indicativo-chave de uma indústria próspera de fabricação de ferramentas. Além disso, a detecção de arsênio nas amostras sugere que os egípcios também podem ter produzido lâminas e brocas, essenciais para a construção das pirâmides.

Os pesquisadores ainda não sabem exatamente até que ponto a contaminação por cobre afetou os antigos egípcios. No entanto, a presença do metal nas amostras de solo oferece uma visão mais profunda sobre como viviam e trabalhavam nessas condições. Este estudo revela um aspecto pouco conhecido da vida laboral no Antigo Egito e pode contribuir para futuras pesquisas sobre as técnicas e materiais utilizados em construções do passado.

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