No Reino Unido, os roubos de cabos nas estações de recarga de carros elétricos se tornaram uma praga. Em apenas dois anos, quase mil estações de recarga rápida foram atacadas por quadrilhas organizadas que cortam os cabos para revender o cobre. O lucro é irrisório (cerca de 30 euros por cabo, ou R$ 190), mas o prejuízo é enorme: reparar cada estação custa cerca de mil libras, ou aproximadamente R$ 7.255, segundo o The Telegraph.
Além disso, toda vez que um cabo desaparece, uma estação fica inutilizada por dias ou semanas. E isso tem consequências muito mais graves do que uma simples perda econômica: os motoristas que dependem da rede pública ficam sem possibilidade de recarregar, com todos os transtornos que isso implica. Mas já existe uma solução.
Rastreamento por GPS
O problema dos roubos de cabos no Reino Unido se agravou justamente quando o país alcançava números recordes de vendas: apenas em setembro, foram emplacados mais de 72 mil veículos elétricos, segundo a Sociedade de Fabricantes e Comerciantes de Automóveis (SMMT). Mas, com parte da rede fora de serviço, muitos motoristas começaram a duvidar se conseguiriam encontrar um ponto de recarga funcional a tempo.
Para conter essa onda de crimes, o setor partiu para o contra-ataque. A maior rede de recarga rápida do país, a InstaVolt, implantou um sistema de rastreamento por GPS em colaboração com a empresa britânica Trackit247. Cada cabo de recarga agora conta com um dispositivo que envia sua localização a cada três segundos e está digitalmente vinculado à sua estação por meio de uma barreira virtual ou limite geográfico digital (geofence, em inglês): se ele for movido para fora da sua área, um alerta automático é ativado no centro de controle 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Esse sistema não apenas emite alertas em tempo real, como também permite rastrear o trajeto exato do cabo roubado e coordenar a resposta com a polícia. “Estamos estabelecendo um novo padrão de como o setor pode proteger sua infraestrutura e dissuadir os criminosos”, explicou o diretor executivo da InstaVolt, Delvin Lane.

Outras empresas, como a Osprey e a Motor Fuel Group, também reforçaram sua segurança com câmeras de vigilância, iluminação adicional e sensores que detectam manipulações. Em alguns casos, utilizam até líquidos rastreadores ou capas de Kevlar, o material usado na fabricação de coletes à prova de balas.
Estações mais seguras, motoristas mais tranquilos
As forças policiais britânicas começaram a colaborar ativamente com as empresas de recarga para conter o que já definem como um “crime novo e emergente”. Nos últimos dois anos, os roubos de cabos de recarga se multiplicaram em várias regiões do país, com dezenas de incidentes registrados a cada mês, especialmente em áreas como Midlands e o norte da Inglaterra.
A polícia teve de mapear os pontos de recarga mais vulneráveis e coordenar patrulhas específicas para detectar ataques em andamento e prevenir novos casos. Para os motoristas, as consequências dessa tecnologia se traduzem em algo simples, mas crucial: chegar a uma estação e poder recarregar sem surpresas. “Se eu chego e o cabo está cortado, fico sem possibilidade de continuar a viagem”, comentou à BBC Sunney Singh, usuário habitual de carros elétricos.
Enquanto isso, o setor vê essa nova tecnologia como uma peça fundamental para consolidar a confiança na infraestrutura pública. Porque, sem pontos de recarga confiáveis, a transição elétrica perde força. Com GPS, rastreamento em tempo real e cabos cada vez mais resistentes, a mensagem parece clara: os tempos em que roubar cobre saía barato chegaram ao fim.
Este texto foi traduzido/adaptado do site Motorpasión.
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