Enquanto em algumas cidades dos EUA e da China já não é tão raro encontrar robotáxis sem motorista, a Europa continua presa em uma teia de regulamentações que freiam o desenvolvimento da condução autônoma. No entanto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já soou o alerta, admitindo que “os carros autônomos já são uma realidade nos EUA e na China. O mesmo deveria valer aqui na Europa”. E a estratégia na UE parece seguir a mesma linha da inteligência artificial: “Safety First” (segurança em primeiro lugar).
O problema de fundo
A Europa mantém capacidade tecnológica e grandes fabricantes, mas sua fragmentação regulatória a deixa fora de jogo. Cada país possui suas próprias normas para testar e homologar veículos autônomos, o que complica a implementação em larga escala. Enquanto isso, estados como Arizona e Califórnia nos EUA, e cidades como Pequim e Shenzhen na China, já testam robotáxis em suas ruas há anos, sem obstáculos burocráticos.
Na China, mais de 60% dos carros vendidos este ano incluem tecnologia de condução autônoma de nível 2, muitas vezes de série, até em modelos básicos. Empresas como WeRide, Pony AI e Apollo Go contam com o apoio do governo chinês e estão se expandindo de forma agressiva. Nos EUA, a Waymo, pertencente à Alphabet, já possui licença para testes em Nova York, enquanto a Tesla também realizou experimentos em Austin em junho passado, transportando passageiros em seus veículos. De fato, a empresa de Musk ofereceu ao bilionário um bônus de um trilhão de dólares caso, entre outros objetivos, consiga colocar um milhão de robotáxis em circulação.
A Europa tenta reagir
A Volkswagen apresentou seu ID. Buzz AD por meio da Moia, sua subsidiária de mobilidade, com planos de implementar veículos autônomos na Europa e nos EUA a partir de 2026. Von der Leyen propôs criar uma rede de cidades europeias para testar carros sem motorista, com 60 prefeitos italianos já demonstrando interesse. No entanto, analistas alertam que a adoção em massa não ocorrerá antes de 2030-2040. O caminho é longo e o atraso, evidente.
Bloqueadas no mercado estadunidense por razões de segurança nacional, as empresas chinesas de condução autônoma estão acelerando sua chegada à Europa. A QCraft anunciou uma sede na Alemanha, a Momenta se associou à Uber para testes em Munique e a Deeproute.ai negocia com fabricantes europeus e chineses para instalar um centro de dados no continente. “A Europa é o único mercado para o qual podem vir”, afirma Tu Le, fundador da consultoria Sino Auto Insights. Isso gera preocupação entre alguns concorrentes europeus, que pedem subsídios e maior regulamentação para equilibrar a competição.
Atraso na Europa
A UE estabeleceu barreiras rigorosas em proteção de dados e inteligência artificial, obrigando o restante das empresas estrangeiras a adaptar seus sistemas, mas sem impedir sua entrada. Alguns executivos europeus, como Alex Kendall da Wayve, defendem um mercado aberto que acelere o desenvolvimento. Outros, como Jim Hutchinson da Fusion Processing, pedem maior intervenção regulatória. Há uma questão central: o controle dos dados processados nos veículos, informações sensíveis e muito valiosas para as empresas que buscam capitalizá-las.
A Comissão Europeia trabalha para harmonizar as regulamentações e facilitar os testes e a implantação de sistemas avançados, mas, por enquanto, apenas países como Alemanha e Reino Unido permitem testes além do nível 2 básico. A condução autônoma é um dos segmentos em que se espera grande investimento por parte das empresas especializadas, e tudo indica que a Europa continuará optando por uma regulamentação rigorosa.
Imagem | Baidu
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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