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Elon Musk finalmente conseguiu fazer a Starship decolar de Cabo Canaveral, mas às custas do espaço aéreo da Flórida

  • A chegada da Starship a Cabo Canaveral tem um preço: o caos aéreo previsto pela FAA;

  • A SpaceX se defende dizendo que o Falcon 9 reduziu os fechamentos do espaço aéreo em 66% devido à sua confiabilidade.

Imagem | SpaceX
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Fabrício Mainenti

Redator

Os aviões terão que se acostumar a compartilhar o espaço aéreo com o maior foguete do mundo. Principalmente quando a Starship de Elon Musk pousar na Flórida em alguns meses.

Pouso duplo da Starship

A chegada da Starship a Cabo Canaveral promete revolucionar uma região que, embora acostumada a lançamentos de foguetes, nunca experimentou nada parecido. A chave está na frequência planejada de lançamentos e no pouso duplo do sistema: primeiro, o propulsor Super Heavy, com mais de 70 metros de altura, e depois a própria nave, com mais de 50 metros de altura.

Embora o debate público até agora tenha se concentrado no estrondo sônico que cada um desses foguetes produz ao retornar do espaço, a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) levantou a possibilidade de que os planos da SpaceX de lançar 120 Starships por ano possam atrasar entre 8.800 e 13.200 voos comerciais anualmente.

De onde vêm esses números?

De acordo com o relatório da FAA, os lançamentos e pousos dos dois estágios do foguete exigiriam que as aeronaves fossem desviadas do sul da Flórida para evitar a trajetória do foguete. Isso poderia causar atrasos em grandes aeroportos, como Orlando, Miami, Tampa e Fort Lauderdale.

Cada lançamento exigiria fechamentos do espaço aéreo variando de 40 minutos a duas horas, o que, no pico do tráfego, poderia afetar entre 133 e 400 voos. O pouso da Starship, que ocorreria horas depois, desencadearia outro fechamento do espaço aéreo de 40 minutos a uma hora, afetando outras 400 a 600 aeronaves comerciais.

Posição da SpaceX

A SpaceX insiste que essas estimativas são muito conservadoras. A empresa emitiu um comunicado afirmando que as áreas de perigo para aeronaves definidas nos estudos da FAA "são extremamente conservadoras por natureza e visam capturar uma composição de toda a gama de cenários de pior caso, não uma operação no mundo real".

Segundo a SpaceX, assim como com seus foguetes Falcon 9, as zonas de exclusão aérea e marítima serão reduzidas à medida que os dados de lançamento se acumularem e a confiabilidade da Starship for demonstrada. De fato, o espaço aéreo que o Falcon 9 precisa manter fechado para missões Starlink foi reduzido em 66% desde 2022.

Um futuro de céus compartilhados

Embora a Starship seja um caso especial, é apenas o foguete de última geração mais recente a chegar à Costa Espacial da Flórida. Outras empresas, como a Blue Origin e a ULA, já lançaram seus novos foguetes New Glenn e Vulcan a partir de Cabo Canaveral.

De acordo com uma análise de Ornaldo Sentinel, a Flórida pode se aproximar de 400 lançamentos de foguetes por ano até o final da década. Mas esse acesso democratizado ao espaço pode exigir paciência no terminal do aeroporto.

Imagem | SpaceX

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