Embora muito se tenha falado nos últimos meses sobre o motor a gasolina três cilindros 1.2 PureTech da Stellantis, outro motor do grupo tem sido muito comentado devido a problemas recorrentes de confiabilidade. O quatro cilindros diesel 1.5 BlueHDi pode, de fato, sofrer a ruptura precoce da pequena corrente responsável por acionar seus comandos de válvulas. Por isso, a empresa euro-americana decidiu fazer o recall de mais de 600 mil veículos Citroën, DS, Opel e Peugeot equipados com esse motor na França.
Uma esperança de curta duração: essa foi a reação que a Stellantis causou no fim de 2024 ao trazer de volta à oficina milhares de veículos equipados com o motor diesel 1.5 BlueHDi. Alguns desses carros tiveram, de fato, a pequena corrente que aciona os comandos de válvulas, localizada no topo do motor, substituída gratuitamente. Porém, essa peça crucial para o bom funcionamento do motor se tornou o pesadelo de muitos proprietários de modelos com esse motor. Ela tende a se afrouxar com o tempo e depois se romper, causando panes que muitas vezes custam vários milhares de euros.
Um verdadeiro recall após uma campanha de análise direcionada
Infelizmente, naquela época, a Stellantis não havia realmente organizado um recall. Apenas 3.000 veículos foram oficialmente convocados, e principalmente para fins de análise. Foi preciso esperar até este mês de julho de 2025 para ver começar uma verdadeira campanha de retorno massivo às oficinas. Desta vez, nada menos que 636.000 veículos são esperados nas oficinas na França.
Esse número inclui tanto carros de passeio quanto utilitários. Ele abrange uma longa lista de modelos das marcas Citroën, DS, Fiat, Opel e Peugeot, que vai de C3, Corsa e 208 até vans de tamanho intermediário como Jumpy, Expert, Scudo e Vivaro. Os veículos convocados foram todos produzidos entre 2017 e fevereiro de 2023. Depois dessa data, o 1.5 BlueHDi, também conhecido como DV5, recebeu uma nova corrente mais resistente, com diâmetro de 8 mm em vez de 7 mm.
Mesmo que ainda falte tempo para ter certeza, os problemas estariam, portanto, resolvidos com a troca. Por outro lado, os veículos comercializados antes não haviam sido modificados de forma sistemática até agora.
Substituição da corrente sob condição
Se você é proprietário de um modelo Stellantis com motor 1.5 BlueHDi fabricado entre 2017 e início de 2023, não se surpreenda ao receber uma carta nas próximas semanas. No entanto, não ligue muito rápido para sua oficina habitual, pois esse novo recall em massa pode levar algum tempo para ser implementado. Tenha também um pouco de paciência caso seu veículo não apareça nos sites das montadoras destinados à verificação de recalls: repetir a consulta em alguns dias ou semanas pode trazer resultados.
Por fim, não pense que a corrente do seu motor será automaticamente substituída sem qualquer custo. Antes de realizar essa intervenção, que é longa e cara, a Stellantis vai primeiro utilizar um aplicativo de diagnóstico.
Utilizável em smartphone, tablet ou computador, esse pequeno software permite detectar se o 1.5 BlueHDi emite um ruído anormal. Somente nesse caso será instalada uma corrente de 8 mm, às custas da montadora. Mesmo que esse método possa surpreender, o departamento de comunicação da empresa garante que a campanha de análise do final de 2024 e os primeiros meses de uso permitiram validar perfeitamente seu funcionamento.
Vale notar, aliás, que a eterna concorrente, Renault, também recorre a um princípio semelhante, complementado por inteligência artificial, em suas novas ferramentas para oficinas. Por outro lado, se nenhum som preocupante for registrado, as oficinas se limitarão a uma reprogramação de software que já seria suficiente para reduzir o risco de quebra.
Uma troca de óleo que gera debate
No caso do 1.5 BlueHDi, a Stellantis espera que os motores que realmente precisem de uma nova corrente sejam amplamente minoritários, mesmo correndo o risco de decepcionar alguns clientes. Segundo a empresa, a mudança do tipo de óleo utilizada nas trocas do 1.5 BlueHDi desde o início de 2024 teria sido benéfica para prolongar a vida útil desse motor. Infelizmente, alguns proprietários continuam reclamando da falta de comunicação sobre essa alteração importante.
Quando os veículos não são mais revisados na rede autorizada, como costuma acontecer com os modelos mais antigos, as oficinas nem sempre são informadas dessa recomendação essencial. Essa crítica aparece com frequência, ainda mais porque o descumprimento dessa orientação pode levar à recusa de cobertura financeira quando ocorre uma pane muito cara.
Um recall que vai agradar… e desagradar
Esse novo recall de grande escala e as outras medidas anunciadas no mesmo dia para o 1.5 BlueHDi (extensão de garantia, abertura da plataforma de indenização) provavelmente não conseguirão acalmar todos os insatisfeitos, especialmente os mais determinados a entrar com ação coletiva na Justiça. Mas, assim como no caso do 1.2 PureTech, a Stellantis já não pode mais ser acusada de permanecer totalmente inativa diante dessa onda de problemas mecânicos.
Seja ou não por vontade de evitar um novo conflito judicial, pouco importa no fim das contas: quem sai ganhando são os consumidores. Resta torcer para que o aplicativo destinado a diagnosticar os problemas da corrente seja realmente eficaz, sob risco de continuarmos ouvindo falar das quebras desse quatro cilindros diesel por muitos anos ainda.
Quanto aos proprietários de veículos Ford equipados com um derivado desse motor, chamado 1.5 EcoBlue, eles terão que esperar mais um pouco por um possível recall. O mesmo vale para quem escolheu os utilitários Toyota Proace ou Proace Verso e suas versões familiares, que também podem ter esse motor diesel.
Este texto foi traduzido/adaptado do site L’Automobile Magazine.
Ver 0 Comentários