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Se você vê barras de energia sobre a cabeça das pessoas, não está alucinando: é um fenômeno comum e se chama GTP

Às vezes, você enxerga a realidade como se fosse por uma mira telescópica de videogame ou aperta botões de controles que não existem? É mais comum do que você pensa

Você vê elementos de games na vida real? Então você tem GPT / Imagem: Foto de T em Unsplash / Xataka
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin é jornalista.

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Você se lembra de quando, anos atrás, circulavam histórias que costumavam ser consideradas lendas urbanas sobre sonhos em que jogávamos Tetris ou DOOM, tão reais que, às vezes, chegavam a se confundir com momentos de vigília? Esse fenômeno chegou a receber um nome, Efeito Tetris, e as novas gerações de jogos e aplicativos, cada vez mais sofisticados e realistas, levaram esse fenômeno um passo adiante: depois do Efeito Tetris, chega o GTP.

O que é o GTP?

É sigla de Game Transfer Phenomena, ou seja, Fenômeno de Transferência de Jogo, e consiste em uma série de experiências involuntárias que os jogadores têm após sessões intensas de jogo, em que elementos dos videogames (desde imagens e sons específicos até aspectos como inventários de itens) se sobrepõem às nossas percepções da vida real. As características dessa condição foram descritas pela primeira vez há cerca de uma década por Angelica Ortiz de Gortari em uma tese de doutorado.

A inspiração dela foi sua própria experiência: visualizar produtos em um supermercado como se estivesse usando uma mira telescópica de videogame.

Os sintomas são muito variados: percepções visuais (ver barras de vida ou o HUD do jogo) e auditivas (trilha sonora, efeitos especiais), impulsos automáticos (executar movimentos condicionados, como apertar botões), pensamentos recorrentes e comportamentos inspirados em videogames (falar involuntariamente com jargões de jogos específicos), sensações táteis e cinestésicas (sentir o controle nas mãos quando ele não está ali), entre outros. Por exemplo, um jogador pode ver barras de saúde sobre a cabeça das pessoas ou sentir vontade de pegar objetos do dia a dia como se fossem power-ups.

Não se trata de um fenômeno isolado ou raro. Estudos com mais de 6.000 jogadores indicam que a maioria já experimentou o GTP ao menos uma vez. E, em outra análise realizada na China, entre 82% e 96% dos participantes de uma pesquisa relataram ter vivenciado alguma forma de GTP em algum momento. Este artigo da BBC analisa o fenômeno e menciona Ortiz de Gortari, que descreve que, para quem o experimenta, o GTP pode ser “desconcertante e potencialmente perigoso”, embora, por ser relativamente natural e simples de explicar, na maioria das vezes seja passageiro e não tenha maiores consequências.

Mas por que isso acontece?

O motivo para o fenômenos é, em primeiro lugar, que os videogames exigem respostas automáticas e condicionadas, que depois podem se repetir na vida real. Em segundo, a altíssima capacidade imersiva dos jogos modernos, que multiplica essa possibilidade de transferência. O GTP é um fenômeno comparável às músicas chiclete, que repetimos na cabeça sem conseguir esquecer, mas com um grau a mais de intensidade porque as áreas cerebrais que o processam estão ligadas à ação e aos impulsos, não a atitudes passivas.

Especialistas como Ortiz de Gortari afirmam que, com dispositivos como os óculos de realidade virtual, fenômenos como o GTP podem se intensificar exponencialmente no futuro. Sem dúvida, é uma área que a ciência considera que deveria ser estudada a fundo: não apenas porque os videogames são a principal forma de entretenimento no mundo, mas porque ela revela, em grande parte, até que ponto nossas mentes são vulneráveis a avanços tecnológicos cada vez mais agressivos.

Imagem | Foto de T em Unsplash / Xataka

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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