Índia quer copiar modelo chinês: ressuscitaram marca europeia mítica de motocicletas, e usarão motores BMW

Imagem | Norton
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
pedro-mota

PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

Durante anos, olhamos — e continuamos olhando — para a China como a grande oficina do mundo das motocicletas. Barata, rápida e massiva. Mas algo está mudando; eles não são os únicos.

Enquanto o gigante asiático continua produzindo em larga escala, a Índia joga outro jogo: o de transformar mitos da motocicleta europeia em produtos globais... e desejáveis. O exemplo mais claro é a Royal Enfield. O mais recente, a Norton. Bem-vindos à luta.

Norton compartilhará motor com a BMW

A Royal Enfield, que nasceu na Inglaterra e renasceu em Chennai, vem provando há anos que o romantismo das motocicletas retrô pode se tornar uma máquina de fazer dinheiro. Desde que passou para as mãos da gigante Eicher Motors, a marca não parou de crescer. E não apenas na Índia. Europa, Estados Unidos, América Latina... Em qualquer lugar onde um motor bicilíndrico com alma britânica e preço acessível faça sentido, há a Royal que, aliás, quebrou recordes em 2024.

Agora é a vez da Norton. E o plano é ambicioso. Desde que a TVS (outro colosso indiano, com mais de 4 milhões de motocicletas vendidas por ano) comprou a Norton em 2020, a marca tem se mantido discreta, em processo de reorganização. Mas isso não acontece mais.

Em 2025, a Norton entra no mercado indiano com uma linha completamente nova, começando com motocicletas de cerca de 450 cc. Motocicletas que não buscam homenagear o passado, mas conquistar o futuro de marcas como a Norton. Elas reviveram em grande estilo.

Original

O motor dessa nova geração é um bicilíndrico paralelo de 450 cc desenvolvido pela BMW e pela TVS. Veremos esse motor na próxima Apache RR 450, na futura BMW F 450 R e, atenção, na nova linha média da Norton. A ideia é clara: manter a essência premium britânica, mas com a escala industrial e a força tecnológica da Índia. Os indianos estão até envolvidos com as BMWs, como podemos ver.

Parece familiar? A Royal Enfield já trilhou esse caminho. E deu tão certo que agora compete de igual para igual com gigantes japonesas e europeias em um segmento que ninguém levava a sério antes: o das motocicletas pequenas. Só que elas não são mais tão pequenas. São mais leves, mais acessíveis, mais lógicas. Mas também mais completas, com acelerador eletrônico, suspensões robustas e telas TFT. E, o mais importante, com alma.

Original

A Índia não está imitando. Está reinventando. As novas motos de 450 cc não são para iniciantes em busca de uma escada. São para motociclistas que querem motos com significado. Que sejam boas para tudo: para ir ao trabalho, atravessar um país ou sair no domingo para acelerar numa estrada perdida. Que não estraguem sua conta bancária nem suas costas. E que, além disso, tenham um nome com história.

É por isso que a Norton pode (e deve) funcionar. Porque a TVS já mostrou que sabe construir. Porque a Royal Enfield liderou o caminho. E porque o mundo das motos está percebendo que nem tudo se resume à cilindrada ou a ser o mais rápido. Trata-se de aproveitar. Ter uma motocicleta que você possa usar todos os dias e que continue a trazer um sorriso ao seu rosto cada vez que a liga.

A China era a fábrica do mundo. A Índia quer ser a fábrica... das marcas lendárias. E a mudança, por enquanto, está dando certo para eles.

Imagens | Norton, Royal Enfield

Inicio