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É um dos maiores clássicos da literatura, mas quase matou seu autor que achava que seria um fracasso comercial

George Orwell passou por grandes problemas de saúde enquanto escrevia sua obra-prima sobre autoritarismo 

(Getty Images/Justin Sullivan)
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Bárbara Castro

Redatora
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Bárbara Castro

Redatora

Jornalista com pós-graduação em Cinema que passava as tardes vendo Cartoon Network e History Channel quando criança. Coleciona vinis, CDs e jogos do Nintendo DS e 3DS (e estantes que não cabem mais livros). A primeira memória com um computador é de ter machucado o dedo em uma ventoinha enquanto um de seus pais estava montando um PC.

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George Orwell já era bem famoso antes de publicar o que muitos consideram sua obra-prima. Autor de Revolução dos Bichos, o livro 1984 faz parte do currículo de diversos alunos e até hoje é debatido e estudado, servindo, também, como um aviso para os leitores sobre o perigo de regimes autoritários e, em outras partes, serviu de inspiração para um grande reality chamado Big Brother. No entanto, muitos não conhecem a árdua criação desse romance tão importante, que, de certo modo, quase não existiu por conta da morte de seu autor. 

Publicado em 1949, Orwell teve a primeira ideia do que viria a ser 1984 em 1943 e também inspirado pela Conferência de Teerã — reunião de líderes das superpotências da época —, em 1944. O autor tinha acabado de lançar Revolução dos Bichos em 1945 e decidiu seguir com sua última obra, mas sua sensível saúde impôs alguns limites. 

O autor se mudou para Barnhill, na Ilha de Jura, na Escócia, no ano seguinte, para focar no manuscrito de 1984, no entanto, ele sofria constantemente com bronquite e uma lesão em uma parte do pulmão. Após mandar o primeiro esboço da história para seu editor em 1946, a saúde de Orwell piorou, levando-o a ficar totalmente acamado por conta de uma infecção no pulmão. Em vez de ir ao médico, Orwell decidiu permanecer na cama e continuar escrevendo. 

A saúde de Orwell não melhorou, mas foi o suficiente para que ele buscasse ajuda médica perto de Glasgow, onde foi diagnosticado com tuberculose. O autor permaneceu meses internado, até em 1948 ele foi dispensado, retornando a Jura. No final daquele ano, o autor terminou a segunda versão do livro e requisitou alguém para redigitar o manuscrito, mas não havia ninguém disponível no momento. Isso levou o autor a permanecer mais um tempo na ilha passando a limpo o que tinha escrito. Diariamente, Orwell digitava cerca de 4 mil palavras por dia em meio a febres constantes e tosses com sangue. Em dezembro daquele ano, o autor mandou a obra para seu editor.

(Getty Images/Bettmann) George Orwell

A princípio, Orwell acreditava que 1984 não iria tão bem em vendas por conta do tempo que passou doente em vez de ficar totalmente focado na criação da obra, mas, como historiadores apontam, o autor sempre olhava mal para seus livros. 

1984 chegou às livrarias da Inglaterra em 8 de junho de 1949, vendendo  mais 25 mil cópias, com mais sendo pedidas. Nos Estados Unidos, a obra foi um sucesso comercial, vendendo 20 mil cópias na primeira semana e mais 10 mil em cada mês  posterior. 

Paralelamente, o autor estava internado no University College Hospital, em Londres, por conta de uma piora drástica de sua saúde. Poucos meses depois do lançamento do livro, Orwell faleceu em janeiro de 1950 aos 46 anos.  

Em 2023, acredita-se que 1984 vendeu mais de 30 milhões de cópias ao redor do mundo. A obra também inspirou uma peça de teatro, novela de rádio e artistas como David Bowie e bandas como Rage Against the Machine e Radiohead.

Capa da matéria: Getty Images/Justin Sullivan

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