A Honda quer reinventar a roda. Assim mesmo, sem rodeios e de forma literal. Não é piada nem exagero: a marca japonesa registrou uma patente que mira diretamente em um dos grandes problemas atuais da MotoGP — o calor que passa dos freios para os pneus dianteiros e acaba influenciando tanto a pressão quanto o desempenho nas corridas.
Para resolver isso, é preciso redesenhar, reinventar a roda como a conhecemos. E a ideia dificilmente ficará só no papel: a expectativa é que chegue às ruas e, claro, também à MotoGP.
Algo aparentemente simples como a roda pode se transformar em um invento revolucionário da Honda. O documento mostra a aplicação em uma CBR250RR do mercado asiático, mas é evidente que a proposta vai muito além.
Em um campeonato onde os comissários monitoram constantemente as pressões mínimas dos pneus, qualquer sistema que consiga isolar o calor dos freios pode fazer toda a diferença.
A situação é a seguinte: hoje, um piloto que corre sozinho e com ar limpo corre o risco de ver a pressão do pneu cair demais, enquanto quem anda no vácuo de outro aproveita o ar quente para se manter dentro dos limites do regulamento.
O coração do invento está no próprio conjunto de roda e freio
Em vez de depender apenas dos discos convencionais, a Honda propõe discos superdimensionados que se estendem até o centro da roda, funcionando como dissipadores de calor. Logo atrás, entre esses discos e os raios da roda, entram tampas aerodinâmicas desenhadas de forma minuciosa.

Essas tampas têm uma dupla função: de um lado, incorporam perfis que canalizam o fluxo de ar para expulsar o calor; de outro, se apoiam na roda por meio de pequenas saliências que criam um espaço de ar constante. Esse colchão de ar impede que o calor passe do disco para a roda e, consequentemente, para o pneu.
Em outras palavras, o freio pode chegar a mais de 600 ºC (temperatura normal em freios de carbono) sem que a borracha sofra diretamente.
Num cenário de MotoGP, isso permitiria que as equipes largassem com pressões iniciais mais altas, sabendo que não haverá um superaquecimento artificial capaz de dispará-las. Mais estabilidade, maior vida útil dos pneus e menos risco de punições por pressão baixa. E como na MotoGP qualquer detalhe faz diferença, esse pode pesar bastante.
![Original]](https://i.blogs.es/579fbd/1366_2000/450_1000.jpeg)
Embora a Honda tenha registrado a ideia em um modelo de rua modesto, a CBR250RR, a lógica da patente aponta claramente para a competição. Se funcionar, não será apenas um alívio diante das regras rígidas atuais, mas também abrirá caminho para uma gestão mais consistente dos pneus — justamente em um momento em que cada grau de temperatura e cada décimo de pressão se tornaram armas de campeonato. E talvez também chegue às ruas (afinal, por que aplicar isso em uma CBR250RR de rua, se não fosse para ter utilidade prática?). Como sempre, resta esperar.
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